sexta-feira, 8 de dezembro de 2023

DIA 52 - E por falar em prioridades...

 


Eu sempre tenho abordado em meus textos e em minhas palestras sobre a importância de não vivermos de forma automatizada na complexidade do tecido social. Essa premissa assertiva objetiva, simplesmente, a possibilidade de favorecer a organização da vida nas respectivas agendas do nosso cotidiano, afinal de contas, como nos remete a sabedoria milenar, “há tempo para todas as coisas”. Tudo o que ocorre na face deste planetinha chamado Terra se qualifica dentro de um ciclo contínuo dos ventos e das águas que não pode ser controlado. Todavia, em tempos quentes como os que estamos experimentando na atualidade, condicionamos os ventos em ventiladores e as águas em tubulações e recipientes. Mas, ainda assim, são entidades libertas e que não podem ser controladas.

Diante do importante fato de que não podemos controlar os entes, tampouco a nossa própria existência, torna-se fulcral pensarmos no parco estabelecimento das prioridades, pois a vida requer uma mínima organização em suas demandas. Em que pese a possibilidade de navegarmos em um rio contemplando todas as belezas naturais que se revelam aos nossos sentidos, não podemos nos eximir ao fato de que alguns aspectos precisam ser percepcionados de forma mais atenciosa. Há instantes que são únicos e devem ser fotografados pela retina. Da mesma forma, há demandas que precisam de considerações mais reflexivas, pois se tornam fundamentais para os alicerces existenciais.

Entretanto, o que vem a ser prioridade? Segundo o dicionário: “prioridade é a condição de algo que necessita correr de maneira imediata, preferencial ou emergencial. Normalmente, a prioridade está relacionada a algo importante que ocorre em primeiro lugar, quando em uma relação com outras questões, sejam de tempo ou de ordem”. O psicólogo humanista Abraham Maslow nos oferece uma perspectiva muito interessante ao apresentar a sua pirâmide de necessidades. Sua teoria é conhecida como uma importante teoria de motivação.

Em sua premissa, as necessidades humanas se qualificam em uma escala de valores que devem ser transpostos. Em outras palavras, no momento em que uma pessoa vence uma necessidade, outra sobrevém em seu lugar de acordo com a importância e a influência. Os cinco níveis a serem superados são: Necessidades fisiológicas básicas (respirar, comer, beber, dormir e transar); Necessidades de segurança; Necessidades de associação (harmonia relacional e afetos); Necessidades de Autoestima (dignidade, respeito, prestígio e reconhecimento) e Necessidades de realização integral (ser autônomo e fazer o que se gosta). No aprofundamento dos seus estudos, Maslow identificou ainda outras duas necessidades adicionais: a Necessidade de conhecer e entender (conhecer e entender o mundo ao seu redor, as pessoas e a natureza) e a Necessidade de satisfação estética (beleza, simetria e arte em geral). Sobre esta última, Maslow expressa:

"Um músico deve compor, um artista deve pintar, um poeta deve escrever, caso pretendam deixar seu coração em paz. O que um homem pode ser, ele deve ser. A essa necessidade podemos dar o nome de auto realização.” Abraham Harold Maslow (1908 - 1970).

 

Com base na ideia da pirâmide das necessidades de Maslow, podemos estabelecer algumas prioridades com base nos objetivos que pretendemos alcançar sem sermos seduzidos pela euforia do sucesso. A finalidade de visualizar as prioridades é fundamental, pois no processo de elencar aquilo que tem que vir antes ou depois, a orientação básica deve sempre se perguntar pelo que é importante e/ou urgente. Essa dinâmica ajuda cada pessoa na identificação daquilo que é a prioridade. Ora, existem coisas que são importantes e urgentes; outras que são importantes, mas não urgentes; outras, ainda, que são urgentes, mas não importantes e outras, enfim, que não são importantes e nem urgentes. Brincar com estas ideias ajuda cada ser em uma mínima organização das prioridades. A organização não significa o estabelecimento de um processo automatizado, mas do reconhecimento à luz de nossa própria existência, das situações que podem nos favorecer na complexidade dos dias vividos, a fim de que o bem-estar pessoal se estabeleça na dinâmica existencial.

Imaginemos psicodramaticamente uma dinâmica: encontramos uma lâmpada mágica e nela um gênio. Este vai nos dar a oportunidade de fazermos rapidamente três pedidos concretos, oriundos dos nossos desejos. Será que estaríamos preparados para fazê-los ou titubearíamos? Será que teríamos em claridade o que, de fato, desejamos em nossa interioridade? Será que saberíamos, de fato, quais são as nossas prioridades?

Diante de uma possibilidade tal como esta, seria salutar que as necessidades e as prioridades de cada ser estivessem na ponta da língua, para que pessoa alguma seja surpreendida quando visitada pela surpresa.

Enfim, o estabelecimento das prioridades não pode ser assumido como uma camisa de forças, mas como uma orientação para que os horizontes não se percam, pois como bem disse o Gato Cheshirepara a Alice: “Para quem não sabe aonde vai, qualquer caminho serve”.

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