quinta-feira, 12 de janeiro de 2023

DIA 07 – Das alegrias e dos ascos...

 


Acredito que seja igual para você. Há dias em que a gente acorda com uma diferenciada emoção no peito. Do nada, se manifesta aquela alegria esfuziante que se irrompe pela manhã, conjugando o lindo sorriso com o raio de sol que rasga as cortinas das janelas e as retinas dos olhos. Todavia, em outros dias, a situação é diferente. Acordamos como que cansados, pensativos, reflexivos e perplexos diante da vida. O fato é que em alguns dias, vivemos dias bons, em outros, dias maus. Em todos, é fundamental que cada um de nós entenda que as variações não podem ser evitadas.

Acordei em minha segunda feira com o humor elevado, afinal de contas, tive um bom, relaxante e gostoso final de semana. Aproveitei o sábado e o domingo para investir em leituras e, também, assistir alguns documentários e filmes. O dia foi muito prazeroso, tranquilo, eivado de silêncio e boas reflexões. O sábado culminou com uma festa de aniversário, onde tivemos a oportunidade de celebrar a vida de uma adolescente de 13 anos. Lembro-me de ter dito a ela para jamais abrir mão das suas potencialidades, das suas alegrias e da sua espontaneidade. Disse, também, para ela não ter pressa para decidir, absolutamente, coisa alguma em sua vida, antes dos 25 anos. Ela me respondeu com um sorriso nos lábios e sua tênue simpatia adolescente que nunca se esqueceria do que eu havia lhe dito.

A noite estava chuvosa e no retorno para casa senti bater o cansaço próprio do tempo. Computo, hoje, 52 anos de histórias bem vividas e experiências contínuas. Depois de 2004, quando sofri um deslocamento de retina, apesar de toda a boa adaptação que eu resilientemente adquiri, muitas dificuldades inerentes sempre se manifestaram, como, por exemplo, colocar o suco presente em um simples jarro em um copo. Às vezes, até acho que está tudo certo, até o momento em vejo se espraiar parte do suco sobre a toalha da mesa. E no tempo atual, não tenho apreciado dirigir à noite. Em dias de chuvas, tudo piora, embora eu dirija com extremo cuidado. Cheguei em casa, tomei um bom banho e parti para um sono profundo.

No domingo, acordei alegre, festivo e sorridente. Assisti a um filme nada a ver, meio besteirol. Comecei a ler com outro livro: Mulheres que correm com lobos da escritora Clarissa Pinkola Estés. Aliás, tenho nutrido um forte interesse, ultimamente, por assuntos que se referem a saúde mental da mulher, o universo feminino e suas variações. Confesso que já tive a oportunidade de começar a ler este livro no passado, mas não o li como na atualidade. Agora, assumi a leitura com mais afinco, lendo o livro de uma forma bem mais atenta e afetiva.

Meus filhos vieram almoçar conosco. Almoçamos um saboroso arroz à piamontez, acompanhado de bifes suculentos. Após o almoço, resolvemos ir para uma roda de samba. Eu curto demais um grupo formado só por mulheres, chamado Samba de Colher. Chegamos ao local onde o grupo iria se apresentar, no Bar do Antônio em Juiz de Fora. Descobrimos que não havia mesas para nos assentarmos e, então, ficamos do lado de fora sob a pequena garoa que caía, mas tendo um ângulo privilegiado, pois o grupo estava a 4 metros de nós. A chuva começou a apertar e um dos garçons, muito atencioso por sinal, conseguiu uma mesa para nós na varanda do bar. Fomos para lá, nós sentamos e pedimos alguns quitutes: Fígado com jiló e batatas com queijo. Estava tudo uma delícia. Tudo regado, obviamente, pelas cervejas estupidamente geladas.

Participamos do momento, conversamos e curtimos as músicas. Uma amiga se ajuntou a nós. Depois, com o fechamento do bar, resolvemos ir para a nossa casa, para continuar a nossa bebericação e jogar conversa fora, nossa grande especialidade. Justamente nesse momento fomos aturdidos, mais detidamente, pelas notícias que nos chegavam pelas mídias, sobre a violência dos criminosos golpistas em Brasília. Confesso que assistir às bárbaras cenas dos extremistas provocou-me um genuíno nojo. Como pode existir gente que não aceita o resultado democrático de uma nação livre e soberana? Deu-me asco ver as caretas hipócritas de cristãos esdrúxulos que, de certa forma, manifestavam a patologia da fé cristã, conjuntamente ao anúncio do anticristo. A destruição do patrimônio dos Três Poderes constituídos provocou-me os meus piores instintos sentimentais. Eu, que estou ao lado da democracia, mesmo sabedor das suas fragilidades, sei que vamos virar essa página, assim como aconteceu nos Estados Unidos. Essa cópia gerada por esse gado criminoso, aqui no Brasil, não ficará impune.

Enquanto terminava a presente narrativa, me organizava para ir ao consultório atender aos meus clientes. Essa minha ação psicoterápica me gera muita satisfação. Sempre acolho os meus clientes com alegria. É preciso abraçar cada um em suas singularidades. Todo eivado, obviamente, pela dinâmica do amor. Mesmo na simplicidade de um momento, fazer acontecer o amor é necessário. Sim! O amor explode no ar. Depois dos atendimentos, retornei à minha casa e estudei um pouco mais. O dia foi bom e o diferencial dele foi buscar um lugar de refúgio para descansar a psique pessoal. Todos nós, psicólogos e psicólogas precisamos, em dado momento do dia, nos esquecermos de quem somos e o que fazemos. Vida que segue. Eu, de minha parte, espero que todos os terroristas que depredaram o patrimônio públicos paguem pelos seus crimes.

DIA 71 - Olho e língua da minha amiga - Em memória de Iracy Costa Rampinelli

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