terça-feira, 16 de janeiro de 2024

DIA 59 - O amor sempre em evidência…

 


É sempre um privilégio recomeçar um novo ciclo de vida e experimentar o poder de ser quem se quer ser, como se pode ser.

Nas múltiplas partes da existência, pessoas são conjugações de corpos que se enriquecem quando se amam. As exposições ao toque e as aberturas ao intenso calor emanados em cheiros favorecem os voos das borboletas livres, eternizadas em lindas pinturas rupestres.

Enquanto elas voam em vôos de ventos, pode-se gritar à lua fina para declarar a urgência que clona os olhos a fim de respirar as paixões que só as estrelas cadentes e ridentes conhecem. Na clonagem, provocar os encantamentos num abraço que envolve vidas e personas para, quem sabe, vivenciar uma manhã de núpcias num quarto de núpcias sem jamais ceder aos devaneios sem encantamentos.

Há uma rota que se abre no horizonte sem cerceamento de barbantes. O amor é laçado em seu estado bruto, selvagem  e surpreendente, tal como  o regime inebriante da dama-da-noite. De fato, felicidade só ocorre em momentos de descuido, quando o perfume e os ecos são soprados no interior da boca mordida.

No lugar chamado coração, é possível levar-se risos e emoções. Em seu interior, bem interior, horizontes se abrem para viver o que nunca antes foi vivido. Entregar-se ao inusitado é essencial para se experimentar o frenesi e o arrepio daquele tesão que não cabe no corpo, a ponta dos dedos percorrendo-o.

É preciso fundir o amor sem limites, mediante a língua que lambe o universo para que a alma seja tocada.

Ornar-se da poesia enquanto fôlego houver. Preparar a mesa da casa para aguardar o arauto do prazer, insistindo em harmonizar os sensos de forma tal que o que importa continue se perdendo e se achando, não necessariamente nessa ordem…

Estampa-se nas retinas aquela mulher do Apocalipse, vestida de sol com a lua a seus pés, uma coroa de 12 estrelas, grávida para dar a luz. Para os católicos é Maria, para os protestantes é a Igreja. Tanto faz, é imagem do Sagrado Feminino e por esta imagem, todas as mulheres são amadas e adoradas.

No amor ou na adoração, combina aquele transplante que comporta um coração maior capaz de acolher os fragmentos de qualquer amor e buscar sempre as novas formas que demonstram a imensidão das paixões que se sente, enquanto se conta as areias do mar. Se não se sabe ou se não se dá conta, importa  brincar com os corpos, experimentando ardentes sensações e sinceras emoções.

O amor pode até ser universal, mas não aprisiona individualidades. Na cosmoeticidade, universos desejantes de afetos, detalhes, contornos, peculiaridades se aplicam às voanças da vida para achar pouso em algum ninho aconchegante.

Mesmo alado, eternizar-se nas peles espraiando as essências que percorrem os corpos e beijam os poros.

E quando tudo estiver eriçado, soltar a fera na savana para a exaltação do cio, permitindo-se ver no espelho da alma o que é puro deleite.

Deleite de amor para construir o amor, para viver o amor, para fazer o amor acontecer em milhões de oportunidades que se expressam sem palavras.

Que a exposição, ainda que tacanha, não se furte a uma safadeza bestial. Tudo se extrapola no nada inusitado, salvaguarda dos momentos efêmeros daquela convivência íntima, quando todos os nossos monstros se reúnem num só corpo.

Deixar escorrer dos dedos as carícias ou o encontro das mãos entrelaçadas a fim de cantarolar uma canção e que alguém que me importo me acompanhe. Carinhos e malícias se revelam sem ordem.

Hora de tomar uma cervejinha e conversar bobagens.

O amor acontece…

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