quarta-feira, 9 de agosto de 2023

DIA 32 - Mundos fecundos e profundos

 


 

Descortinam-se mundos fecundos... horizontes abertos, profundos...

E neles, luzeiros sem contas contam das suas vivências, das suas andanças num lapso de segundo que se estende pela eternidade. Progenitores dão luz aos seus filhos, e cada qual, mediante a sua própria energia vital, segue a sua lida, iluminando o seu próprio percurso e os percursos alheios desfraldando diversos devaneios.

Do mistério profundo que é viver, inaugura-se a intensa possibilidade de criar e recriar a ciranda das luzes, mais conhecida como relacionamento. Todavia, quem ousaria afirmar a frivolidade dos relacionamentos? Em todos os tempos, relações se configuram afetando o oposto, especialmente na aglutinação das memórias que celebram as iluminações que ocorrem nos rostos daqueles que compõem o mundo. Em todas as faces, eivadas de suas respectivas quantidades de melanina na pele, os risos não cabem em si, tamanhas as cores rubis em frenesi.

É bom quando se depara com as chamas pueris das crianças cheias de vigor correndo de um lado para o outro, dependurando-se em balanços e gangorras nos parquinhos envelhecidos das praças que silenciam memórias.

Manifesta-se o crepúsculo e as traquinagens de revelam com gosto de caramelo. Hora de tirar a roupa suja e tomar aquele banho com gosto de carinho e sabonete. Que venha a noite de cores sombrias e a aurora com suas cores cheias de aventuras escolares, iluminadas pelas amizades nas brincadeiras de roda e pelos livros desenhados com letras palito.

Nos mundos fecundos que desde a infância são gestados, é preciso fortalecer os elos sem roer a corda, passando pelas portas e portais onde se pode experimentar os primeiros beijos e os diversos afetos roubados nos lapsos de segundos, quem sabe nos estalinhos que espocam nas festas adolescentes. Mas nem sempre, beijinhos acontecem. Às vezes, na ausência das vanguardas, o tempo e o espaço acolhem e abraçam os choros e os lamentos, os risos bem concisos e, talvez, alguns amores dissabores.

Todavia, nada como um dia após o outro. É lindo quando um broto de amora lambuza todo o corpo de quem namora, quando quem namora tem o corpo afetado pelo mel inerente aos humanos, cada vez mais humanos.

Em meio à luz acesa de afetos sem rudeza, o encontro inusitado pode acontecer na tela iluminada de um antigo celular. No início, pouca luz, depois gostosinho amor que seduz. Há momentos em que pequenos momentos se transformam num luar espraiado em um divã.

No tempo real, concreto e singrado pelo senso surreal dos olhares perdidos em uma piscina imaginária, nada mais resta ao que se refestela, a não ser a satisfação. O doce escorre no cheiro de sangue que é acolhido pelo cogumelo brilhante.

Os caminhos continuamente se abrem, cada um com seu ancinho, a terra a arar. O jardim ora plantado, tem que ser iluminado e capaz de aninhar o amor em seus múltiplos sentidos, olhares consentidos e a luz em seu clarão de luzes quentes.   

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