segunda-feira, 5 de junho de 2023

DIA 24 - Em alusão ao Dia Mundial do Meio Ambiente

 


Um sério problema a ser considerado pelas nações em geral e pelas pessoas em particular é o que se refere ao cuidado com o meio ambiente. Aliás, este é um problema de real emergência.

Precisamos partir da premissa de que o Planeta Terra é o único lugar em que podemos habitar neste universo. É a casa comum para a humanidade e suas contradições, geradoras de todas as formas de injustiças e distanciamentos estruturais, mas também de todas as belezas e alegrias.

Hoje, enquanto me deslocava para o meu ambiente de trabalho, reconfigurei toda a minha contemplação, pois toda a natureza que eu contemplava apresentava a sua exuberância e esplendor pela primeira vez aos meus olhos, mesmo tendo eu passado por este caminho uma dezena de vezes. Todos os dias, as dimensões que nos visitam devem ser observadas por nós como sendo reveladas pela primeira vez. O cuidado com o meio ambiente precisa ser renovado cotidianamente.

Apesar de algumas correntes teóricas afirmarem a supremacia antropológica sobre a face deste planeta, somos todos sabedores da nossa relação de interdependência dos reinos animal, vegetal e mineral. Estamos em ampla e completa relação de simbiose. Cabe aqui a premissa de que o todo é maior do que as partes que o compõe. E nessa perspectiva, importa pontuar também que pessoa alguma é mais importante do que a outra. Apesar dos esforços extenuantes quanto à apropriação indevida de recursos para a salvaguarda de riquezas pessoais, o que realmente importa é a atitude de solidariedade que deve se expressar de forma viva entre os reinos supracitados, preservando-se, assim, a continuidade da vida em nossa casa comum.

Todo esse processo de solidariedade abraça, também, a busca pela dignidade humana, especialmente para os pobres e desvalidos, completamente afastados das mínimas possibilidades de sobrevida. É preciso lutar pela justiça, inclusive na proteção do meio ambiente, pois a degradação da terra, do ar e da água é tamanha. Todos os sinais de alerta já foram acesos e os líderes mundiais sabem disso. Desde o início do ano de 2005, uma preocupação com o meio ambiente e com a ecologia foi ampliada por conta do furacão Katrina. Deflagrou-se, a partir do ocorrido nos EUA uma preocupação mais efetiva com o planeta. Diante dos olhos, se estampava os rescaldos do aquecimento global, as grandes precipitações e a inconstância dos ventos. De fato, os grandes cataclismas atuais estão deixando os cientistas comprometidos como o meio ambiente em estado de tensão e atenção.

Entendemos que as novas possibilidades históricas podem remeter o ser humano a uma reconsideração da visão de mundo, desembocando a reflexão à busca por um equilíbrio entre três importantes forças que se referem aos cuidados com a casa comum: a ecologia, a economia e o ecumenismo. O prefixo destas palavras é o mesmo. Refere-se à palavra grega oikos, que se caracteriza em língua portuguesa como casa.

Como já afirmamos, o planeta terra é a casa comum de todos os seres humanos, mas em todas as três dimensões, se pode inferir que a casa comum se encontra em crise. Ora, nas últimas três décadas aguçou-se a preocupação com a preservação da vida em todos os continentes. O ambientalista Maurício Waldman que foi assessor de Chico Mendes ressaltou que os problemas socioambientais são sem precedentes. Toda a biosfera está ameaçada por causa de uma falsa dicotomia que o mundo ocidental estabeleceu entre economia e ecologia, mesmo porque os termos não são antagônicos: “A palavra ecologia, proveniente de oikos-logos, significa “estudo”, “tratado sobre a casa”, e a palavra economia, derivado de oikos-nomos, reportaria a “ordem”, “organização da casa”. Porém, esta etimologia não esgota o significado de ambas as palavras”. (WALDMAN: 2003: 14). No passado, oikos tinha ver com uma unidade marcada pela auto-suficiência, produção e consumo, da qual dependia a sobrevivência do grupo, subtendendo também uma determinada organização política”. (WALDMAN: 2003: 14). Mediante esse apontamento, Waldman apresenta-nos a relação indissociável entre nomos e logos, especialmente quanto à questão ambiental: “Uma economia que pretenda de fato ser uma oiko-nomos tem de ser uma economia ecológica. Por sua vez, uma oiko-logos que faça sentido tem também de incorporar uma vertente econômica”. (WALDMAN: 2003: 15). Dentro do arcabouço do termo oikos, a noção de auto-suficiência, sobrevivência do grupo, equilíbrio, ordem sociopolítica e econômica precisam ser consideradas de forma intencionalial, enfim, da sobrevivência do grupo. Digno de nota é a seguinte argumentação de Waldman: “O enfrentamento da deterioração da biosfera deve buscar a causa comum da conquista da justiça social e do respeito ao meio ambiente, um mundo que não seja mais da divisão dos riscos, e sim do risco comum de não sermos divididos. É deste modo que ecologia e economia desdobram-se obrigatoriamente em ecumenismo”. (WALDMAN: 2003: 16).

Essas premissas de Waldman estabelecem eixos fundamentais para a nossa reflexão sobre os riscos e oportunidades inerentes ao planeta. É preciso ainda considerar que a mídia, apesar de acelerar as informações, também favorece um tratamento chulo a questões sérias. É possível que alguns temas, como o tema do meio ambiente, mediante abordagens equivocadas, se tornem uma espécie de “moda”, não sendo enfáticos e, tampouco, não direcionando de forma evidente as ações de políticas públicas que provoquem mutações para o futuro do planeta.

Portanto, é preciso que todos nos conscientizemos quanto à necessidade e urgência quanto ao cuidado da nossa casa comum, o planeta que habitamos. Se há uma correlação efetiva entre economia e ecologia, é de vital importância que a grande miríade de religiões espalhadas sobre a face da terra se abrace numa corrente solidária e se esmere na possibilidade de cuidar do planeta, independente de suas narrativas e convicções específicas. O ecumenismo se associa à economia e ecologia no cuidado com este planeta que vaga por este universo de dimensões inimagináveis.

 

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