quarta-feira, 5 de abril de 2023

DIA 13 - O significado da Páscoa para os cristãos



Os cristãos celebram a Páscoa anualmente. Essa é uma data memorável cuja reflexão favorece o renascer na esperança. O evento pascal, que vai além da celebração do domingo é, também, um tempo de saberes e sabores.


Saberes

A Páscoa possui muitos saberes que orientam a vida e as demandas relacionais das pessoas. Esses saberes originam-se no sentido da palavra hebraica “pessach" que significa, por um lado, o ato de manquejar ou de dar pequenos saltos e, por outro, passagem. Independente da dualidade da definição, importa afirmar que a dimensão do que concebemos por Páscoa leva-nos, necessariamente, a pensar em movimentos que ocorrem no caminho da vida.
A páscoa ganhou um peso importante no evento fundante da nação Israel: o êxodo. A passagem da escravidão para a libertação. Este foi o processo que culminou com a fuga dos pré-israelitas do, celebrado com a imolação de um cordeiro e a reunião familiar num ato memorial de suma importância para as crianças e para os anciãos à época. Estes contavam histórias sobre os acontecimentos que culminaram na nova dimensão de vida. Nesse processo de libertação, a celebração familiar era também um culto ao Deus da vida.
Outro saber a ser evidenciado em um período posterior se deu com a ressurreição - base da fé cristã. Pensar a ressurreição de Cristo é um ato de fé. É através da ressurreição que compreendemos o amor de Deus amor, pois Ele não aceitou a morte de seu Filho e o ressuscitou.
Poeticamente, refletindo sobre os sabores da páscoa, nos vemos diante de janelas abertas que nos ajudam a vencer os problemas difíceis da vida. O evento da ressurreição nos ensina a compreender que o fim pode não ser o fim, e que há sempre novas possibilidades de vida diante dos sinais de morte. A ressurreição é um importante saber para os cristãos. É a passagem do caminho tortuoso nas areias escaldantes do deserto para a trilha em mata atlântica à beira mar. É a saída do túmulo frio para o domingo de sol.

Sabores

Páscoa também é composta de sabores. Não somente os saborosos ovos de chocolate e os deliciosos quitutes do almoço de domingo, mas também os elementos que compõem a memória do povo judeu e de outros povos de tradição cristã. O escritor Rubem Alves disse duas frases interessantes sobre os sabores: “dize-me o que tu comes e eu te direi quem és”; e “Como, logo existo”, numa clara analogia ao "cogito" do filósofo René Descartes. Podemos pensar que o que nós comemos tem a ver com a nossa experiência existencial e com a cultura que vivemos. Tenho tido a satisfação de andar por esses brasis e saborear suas culturas e povos. Já saboreei também os sabores das culturas além-mar. Gosto dos sabores que constroem gentes e humanidades por esse mundão de meu Deus.
Assim, diante dessas singelas argumentações, podemos afirmar que os sabores da Páscoa têm a ver muito mais do que com chocolate, coisa que gosto muito, mas com uva, vinho, pão e peixe. A páscoa se estabelece pelos sabores simples e inigualáveis desses elementos. Acho que as nossas celebrações familiares deveriam vir acompanhadas de múltiplos tipos de uvas: rosadas, Itália, rubi, moscatel; regadas com vinho carbenet sauvignon, de preferência; pães, desde os ázimos, passando pelo tradicional pão francês ou pão de sal, até aqueles que são apelidados com a singela metáfora de "sonho". E, por fim, peixes: a traíra frita, a moqueca capixaba de badejo ao molho de camarão muitos camarões, o filhote com azeite, a pescada amarela, a traíra sem espinhas e, até mesmo, a sardinha em lata na mesa de um boteco.
A Páscoa é, assim, um tempo de saberes e sabores. Eu, particularmente, gosto dos saberes e gosto dos sabores. O importante, entretanto, é de celebrar as passagens da vida com vistas à dinamicidade da esperança.

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