Chegamos
ao final do mês de outubro, mas não ao final do movimento internacional de
conscientização para a detecção precoce do câncer de mama. Outubro emoldurou as
ações batizadas pela alcunha de “Outubro Rosa”. Originalmente, quem lançou esta
campanha foi a Fundação Susan G. Komen
for the Cure, em 1990 e ela se configura em vários países do mundo. De
nossa parte, em nosso pequeno microcosmo, na condição de psicólogo ligado ao
CRAS perante os desafios da saúde mental, acompanhamos de forma direta ou
indireta as ações que objetivaram compartilhar informações e promover a
conscientização sobre o câncer de mama.
Ora,
o câncer de mama é o tipo que mais acomete mulheres em todo o mundo. Cerca de 2
milhões de casos novos ocorrem estimativamente a cada ano. No Brasil, o
surgimento de novos casos gira em torno de 60% para cada 100.000 mil mulheres. Infelizmente,
o câncer de mama ocupa o primeiro lugar no ranking de mortalidade de câncer
entre as mulheres no Brasil. As maiores taxas de incidência e de mortalidade
estão nas regiões Sul e Sudeste, onde há uma maior aglomeração. Isso levou o
Governo Federal a criar a Lei
nº 13.733 de 2019, que instituiu o mês de conscientização sobre o
câncer de mama – outubro rosa, período em que devem ser desenvolvidas as
seguintes atividades, entre outras:
I
– iluminação de prédios públicos com luzes de cor rosa;
II – promoção de palestras, eventos e atividades educativas;
III – veiculação de campanhas de mídia e disponibilização à população de
informações em banners, em folders e em outros materiais ilustrativos e
exemplificativos sobre a prevenção ao câncer, que contemplem a generalidade do
tema.
Todos
os interessados e as interessadas no assunto sabem que não existe uma causa
para a aparição e desenvolvimento de qualquer câncer. A doença ocorre por conta
de uma conjunção de fatores, os mais diversos. Obviamente que os fluxos nos
quais cada um de nós se envolve em determinados ambientes podem contribuir neste
processo. Sempre observo o fato de muitos buscarem causas clássicas ou
cartesianas para as doenças e as enfermidades, mas, sabemos, toda e qualquer
doença possui causas multifatoriais.
Eu
entendo que o corpo é o único lugar em que habitamos no universo. E, portanto,
ele deve ser cuidado continuamente. A grande receita para o cuidado corporal é
muito antiga, e ela se refere à busca pelo equilíbrio em todas as esferas da
existência: biológica, emocional, afetiva, sexual, psíquica e social.
Curiosamente,
as campanhas do Outubro Rosa tiveram uma abrangência maior no campo virtual a
partir da pandemia da SARS-COV-02. Muitas lives e documentários buscaram
evidenciar a importância do toque e o acompanhamento a qualquer sinal diferente
na mama. Por exemplo, encontra-se disponível no YouTube um vídeo que considera
a questão, buscando aumentar a criatividade daqueles que querem ampliar este
campo de informação. Disponibilizamos o link ao final do artigo. Obviamente, a
inovação na forma de comunicação e abordagem sobre o câncer de mama foi
fundamental para a promoção da saúde da mulher e de alguns homens que também
podem desenvolver este respectivo câncer.
Todavia,
o que me levou a escrever este texto neste dia, mais do que enfatizar mais uma vez
a importante campanha no mês, é a de alertar os cidadãos e as cidadãs a se
alinharem continuamente em ações que não se permitam qualquer nível de
paralisação. É preciso que a conscientização seja contínua em todos os outros
onze meses e que todos, indistintamente, acompanhem os avanços do Instituto
Nacional de Câncer – INCA.
Hoje,
dia 31 de outubro, afirmo contundentemente que as campanhas de conscientização
para a prevenção do câncer de mama devem continuar. Mais do que isso, serem
ampliadas no cotidiano dos profissionais da saúde e de todos os cidadãos e
cidadãs que almejam o bem-estar dos seus amores, bem como de todos aqueles que
querem viver com ampla qualidade de vida. Em meu ponto de vista como
profissional da saúde mental, empenho-me para que preconceitos e barreiras
relativas à corporeidade sejam postas de lado, afinal de contas, quando o assunto
alusivo à qualidade de vida está em jogo, o que vale é a luta contínua.
Enfim,
quero ressaltar que existem exemplos significativos nesta luta. É o caso da
pedagoga Keila Ferrari que se dedicou à escrita terapêutica em seu blog: Lua em Primavera, enquanto lutava contra
o câncer de mama. Alcançou a cura em 2018, mas no mesmo ano descobriu uma
recidiva com metástase no pulmão. Nesta luta, declarou:
“Tem dias melhores e outros piores, mas as noites têm sido difíceis, pois bate
aquele medo da morte”. Quanto ao blog, afirma: “Tenho buscado dar voz de forma
poética a mulheres que passam pelo mesmo problema. É uma forma de expressão,
assim como a dança, distrai um pouco”. O blog pode ser conferido neste link: https://professorakeylaferari.blogspot.com/.
Fontes:
1. Instituto
Nacional de Câncer – INCA
2. Union for
International Cancer Control (UICC)
3. Repensando as
campanhas sobre o câncer de mama. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=1UmTPQYrSDE.