quinta-feira, 5 de janeiro de 2023

DIA 04 – Dos sonhos e da vida em seus protagonismos

 


Eu sempre tive uma facilidade muito grande para dormir. Em toda minha vida, eu nunca precisei fazer uso de psicofármacos para poder relaxar ou desanuviar um pouco os pensamentos nutridos pela ansiedade. Nada contra quanto a quem precisa, mas sempre parto da premissa que os psicofármacos favorecem a sombra sobre o sintoma psíquico, aquilo que incomoda. Eu sempre tive a oportunidade de pensar que o tempo do sono é um tempo tão importante quanto o tempo da alimentação. E com essa premissa, eu sempre tive a oportunidade de, ao me deitar na cama, relaxar o corpo e não permitir a convulsão dos meus pensamentos.

Acordei, portanto, neste novo dia com a certeza de que tive uma boa madrugada de sono. Como é sabido, todos nós sonhamos todas as noites. Nem sempre nos lembramos. Curiosamente, na manhã insólita deste novo dia, eu me lembrei do meu sonho.

Sonhei que estava em uma empresa localizada no litoral do Espírito Santo. Eu caminhava à beira-mar com o intuito de ir para a empresa onde eu trabalhava. Na década de 90, eu trabalhei neste estado brasileiro em duas firmas: Tenenge e Barefame. Em meu sonho, eu estava trabalhando em uma empresa cujo nome não me foi revelado, mas que produzia batatas fritas, aquelas mesmas que compramos em mercearias ou supermercados. Na empresa, eu ficava em um escritório onde eu desenvolvia projetos, como um desenhista projetista. Aliás, eu já houvera desempenhado essa mesma função no passado, em minha jornada trabalhista na Exacta Engenharia de Projetos, ligada à extinta Siderúrgica Mendes Júnior em Juiz de Fora - MG.

Dentro do escritório, eu me encontrava inquieto, pois queria conhecer as pessoas que trabalhavam comigo. Sempre me vi como um amante das pessoas. Já escrevi em meu livro Deu ruim! Mas vai melhorar! que quando eu morrer, quero a seguinte lápide: "Aqui jaz um homem que teve um caso de amor com as pessoas".

Ah! As batatinhas eram bem saborosas, boas demais para um bom aperitivo. Enquanto eu saboreava uma delas, vi ao lado de fora do escritório, a minha companheira que varria uma área. Perguntei o que ela estava fazendo ali? Ofereci a ela uma batata, mas ela não quis. Foi, então, que ela me deu um guardanapo com o registro dos lábios em batom vermelho. Acolhi e guardei o guardanapo.  Saí dali e comecei a caminhar pelas areias litorâneas das praias do meu amado Espírito Santo. Depois dessa imagem, não me lembro de mais nada.

Acredito que os dados à Psicanálise poderão me ajudar em boas e maravilhosas interpretações. Levantei-me, fiz as minhas atividades matinais e tomei um bom café sem açúcar com nacos de queijo minas. Tudo estava muito gostoso.

Eu já estava me preparando para atender os meus clientes, desta vez, via on-line, pois, com a pandemia da Covid-19, o campo da Psicologia desenvolveu a possibilidade dessa forma de atendimento e eu me tornei um adepto, embora sempre manifestando a minha vontade maior quanto ao atendimento presencial, em virtude da minha mania de observar os elementos da corporeidade.

Entrei em contato com os meus clientes e foram momentos de grande tensão, grandes conhecimentos e, também, de grandes aprofundamentos. É curioso notar o quanto muitas pessoas têm dificuldades de assumir o protagonismo de suas próprias vidas. É sempre bem mais fácil colocar a culpa no outro,  na pessoa que está ao redor, ao invés de assumir as responsabilidades mais específicas do cotidiano. Acredito, piamente, que este é um desafio para todos nós: assumir as rédeas de nossa humilde carrocinha, abraçando todas as responsabilidades que cabem a cada qual. Terminados os atendimentos, fui almoçar. Comi dois pedaços de uma torta de bacalhau que a minha mãe fez, oriundos, ainda, da ceia de Ano Novo. Relaxei um pouco. Aproveitei para saborear um delicioso chocolate com recheio de avelã que eu ganhara de um cliente. Não comi muito, somente dois bombons. Deletei-me. Descansei um pouco e assisti algumas bobagens na TV, enquanto aguardava uma amiga que iria precisar de uma ajuda muito específica para o desenvolvimento do seu trabalho de mestrado. Na verdade, nós iríamos preencher os dados da Plataforma Brasil - uma plataforma extremamente importante para as pesquisas que se desenvolvem no nosso país.

Gastamos, nada mais, nada menos, do que 4 horas para organizarmos toda a documentação e fazermos as observações específicas no projeto, a fim de que o comitê da plataforma Brasil venha a fazer a sua aprovação. Encerramos o processo e, depois, tomamos algumas cervejas para relaxar. Boa e amistosa conversa, batatinha fritas e linguiça toscana, no ponto. Como o cansaço começava a visitar-nos, buscamos um motorista de aplicativo e nos despedimos, pois a vida continua a requerer de cada um nós, ainda, a coragem, tão fundamental para os nossos protagonismos.

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