quinta-feira, 5 de janeiro de 2023

DIA 03 – Dos lugares de vida que nos fazem viver

 


Tive um dia incrível. Apesar de toda a possibilidade de se viver um dia cotidiano natural, assumi o desafio de fazer algumas novas experiências. Aliás, sou desses que adoram fazer de cada dia um dia de possibilidades e aventuras diversas. Sempre me esmero para viver o aqui e agora.

Acordei e, como de costume, fiz todas as minhas tarefas matinais e resolvi levar alguns livros antigos que eu havia separado para fazer umas das coisas que mais gosto: caçar livros estranhos e interessantes nos Sebos. Lembro-me que, quando estava realizando a minha tese sobre Darcy Ribeiro, eu vasculhei vários sebos no centro do Rio de Janeiro em busca das suas obras. Foi fantástico achar alguns tesouros que hoje se encontram em lugar de honra na minha estante de livros. Em dado dia, pensando na minha rica biblioteca que à época contava com mais de 7500 títulos, refletindo e ponderando, resolvi me desfazer de 4500. Eram livros que foram muito interessantes em outro momento da minha vida. Doei e troquei todos eles por livros que me interessavam. Faltavam ainda alguns. Foi então que, neste dia incrível, me destinei a um dos Sebos da minha cidade para efetivar a troca das duas obras que eu já tinha citado anteriormente: a de Sartre e a de Castro. Levei muitos livros, mas o Walter, dono do Sebo, infelizmente não ficou com todos eles. De qualquer forma, o momento foi muito interessante porque tive a oportunidade de conversar com o Walter, além de desejar-lhe um feliz 2023. Trocamos ideias sobre literatura e sobre a minha maior paixão do momento: a psicologia. Busco, invariavelmente, diversos livros da área, especialmente na área de psicologia existencial. Ao final de nossa boa prosa, tive a oportunidade de fazer uma boa negociação com ele.

Paguei R$ 4,50 do estacionamento e conduzi o carro para abastecê-lo. Aproveitei que estava próximo a uma distribuidora de bebidas e resolvi comprar umas cervejas que estavam em promoção, afinal de contas, umas cervejas não podem faltar em minha casa de forma alguma. Diante de tantas pressões que se sofre no cotidiano, é sempre oportuno “brisar” um pouco através dessa forma de alegria bem gelada. Enquanto eu retomava o caminho para a minha casa, resolvi passar na Quarup, um outro Sebo ligado ao meu amigo Cláudio. Desde os tempos de UFJF, eu o conhecera. Ele tem um monte de livros interessantes e, por causa disso, resolvi tentar negociar os que me sobraram com ele. Ele os avaliou e se interessou muito. Ele me deu a liberdade para escolher os que eu queria. Escolhi cinco e fizemos a negociação. Voltei para casa com os livros em mãos, feliz da vida, ainda mais porque havia cervejas no bagageiro. Todavia, nem tudo são flores, pois tive que adquirir alguns produtos no supermercado. Confesso que eu não gosto de ir ao supermercado, de forma alguma. Então, parei, entrei e comprei as coisas que eu precisava comprar. Não me sinto à vontade no mercado, nem sei que sentimentos me invadem. Depois de pagar os produtos, estava saindo e, curiosamente, para tudo ficar perfeito, desabou uma dessas tempestades de verão. Nem me importunei, pois os que me conhecem mais proximamente, sabem que eu adoro tomar banho de chuva. Como estava indo para casa, nem me importunei. E foi assim, acabei me banhando com a chuva fria naquela terça-feira de verão e fui para a minha casa todo ensopado, sem neuras. Cheguei em minha casa e fui logo tirando a camisa. Como estava com muita fome, saboreei um delicioso macarrão que havia sido preparado com muito esmero, enquanto assistia pela TV aos flashs do velório do nosso grande rei Pelé. Após a refeição, fui trabalhar em um texto que eu estava preparando. Posteriormente, eu tive que ir ao Shopping Center para adquirir uma pequena lembrança para uma criança, cujo aniversário eu iria. Essa é uma história curiosa. Em 2016, eu tive a oportunidade de fazer um casamento e foi muito especial. Celebramos o casamento em uma fazenda e o ponto culminante foi que a noiva chegou em Calhambeque fabricado em 1930. Ela saiu de um determinado bairro para outro e demorou bastante. Um percurso que poderia ser feito em 15 minutos demorou cerca de 1h30. Todos os convidados e eu, que iria oficiar o casório, estávamos debaixo de um sol escaldante ao meio-dia. Quando ela chegou, corremos com o ofício, pois todos estavam torrando debaixo do sol em um gramado. Talvez tenha sido a celebração mais rápida que eu tenha feito. Durou 12 minutos. Depois da cerimônia, tive que me retirar por conta de uma viagem e não pude curtir a festa. Todavia, aquela celebração marcou muito aquele casal a ponto de me convidarem para falar algumas palavras no aniversário da pequena princesinha linda que nasceu nos Estados Unidos da América em 2022. Eu havia dito à mãe que eu não tinha mais uma vinculação religiosa, mas, mesmo assim, ela insistiu para que eu estivesse presente, fazendo questão da minha presença.

Eu fui e em dado momento, mesmo sem um preparo mais específico quanto ao que falaria ou expressaria à família, dirigi algumas palavras e fiz uma prece. O curioso foi que eu abordei uma expressão presente na Bíblia que é muito conhecida para a maioria dos cristãos e que se encontra no livro de Provérbios 22, verso 6. Diz assim: “Ensina a criança no caminho em que deve andar e ainda, quando for velho, não se desviará dele”. Eu já havia falado desse texto por diversas vezes na minha vida passada, mas nunca tinha o abordado da forma como eu o abordei. Parti da premissa de que o pensamento nascia do olhar de pessoas que viviam no deserto, sem orientações educacionais tradicionais, sem moralismos e sem sistemas estruturantes. Em sendo assim, o grande desafio para os pais, mães ou responsáveis era o de indicar às crianças os lugares onde elas poderiam beber, comer e saborear a vida da melhor forma possível. Era preciso ensinar às crianças os lugares de vida.

Depois, curtimos a festa, comendo muitos salgadinhos, os mais diversos. Encontrei-me com um amigo muito especial e tivemos uma ampla, amistosa e bem humorada conversa. Tudo foi muito especial. Confesso a vocês que cheguei ao fim do dia bastante cansado. Passei em meu escritório, olhei os meus livros um pouquinho, mas me contive em lê-los. Eles que esperem. Hora de dormir e sonhar muito... muito... muito...

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