Tive um dia incrível. Apesar de toda a possibilidade de se viver um dia cotidiano natural, assumi o desafio de fazer algumas novas experiências. Aliás, sou desses que adoram fazer de cada dia um dia de possibilidades e aventuras diversas. Sempre me esmero para viver o aqui e agora.
Acordei
e, como de costume, fiz todas as minhas tarefas matinais e resolvi levar alguns
livros antigos que eu havia separado para fazer umas das coisas que mais gosto:
caçar livros estranhos e interessantes nos Sebos. Lembro-me que, quando estava
realizando a minha tese sobre Darcy Ribeiro, eu vasculhei vários sebos no
centro do Rio de Janeiro em busca das suas obras. Foi fantástico achar alguns
tesouros que hoje se encontram em lugar de honra na minha estante de livros. Em
dado dia, pensando na minha rica biblioteca que à época contava com mais de
7500 títulos, refletindo e ponderando, resolvi me desfazer de 4500. Eram livros
que foram muito interessantes em outro momento da minha vida. Doei e troquei
todos eles por livros que me interessavam. Faltavam ainda alguns. Foi então
que, neste dia incrível, me destinei a um dos Sebos da minha cidade para
efetivar a troca das duas obras que eu já tinha citado anteriormente: a de
Sartre e a de Castro. Levei muitos livros, mas o Walter, dono do Sebo, infelizmente
não ficou com todos eles. De qualquer forma, o momento foi muito interessante
porque tive a oportunidade de conversar com o Walter, além de desejar-lhe um
feliz 2023. Trocamos ideias sobre literatura e sobre a minha maior paixão do
momento: a psicologia. Busco, invariavelmente, diversos livros da área,
especialmente na área de psicologia existencial. Ao final de nossa boa prosa, tive
a oportunidade de fazer uma boa negociação com ele.
Paguei
R$ 4,50 do estacionamento e conduzi o carro para abastecê-lo. Aproveitei que
estava próximo a uma distribuidora de bebidas e resolvi comprar umas cervejas que
estavam em promoção, afinal de contas, umas cervejas não podem faltar em minha
casa de forma alguma. Diante de tantas pressões que se sofre no cotidiano, é
sempre oportuno “brisar” um pouco através dessa forma de alegria bem gelada.
Enquanto eu retomava o caminho para a minha casa, resolvi passar na Quarup, um outro
Sebo ligado ao meu amigo Cláudio. Desde os tempos de UFJF, eu o conhecera. Ele
tem um monte de livros interessantes e, por causa disso, resolvi tentar
negociar os que me sobraram com ele. Ele os avaliou e se interessou muito. Ele
me deu a liberdade para escolher os que eu queria. Escolhi cinco e fizemos a
negociação. Voltei para casa com os livros em mãos, feliz da vida, ainda mais
porque havia cervejas no bagageiro. Todavia, nem tudo são flores, pois tive que
adquirir alguns produtos no supermercado. Confesso que eu não gosto de ir ao
supermercado, de forma alguma. Então, parei, entrei e comprei as coisas que eu
precisava comprar. Não me sinto à vontade no mercado, nem sei que sentimentos
me invadem. Depois de pagar os produtos, estava saindo e, curiosamente, para
tudo ficar perfeito, desabou uma dessas tempestades de verão. Nem me
importunei, pois os que me conhecem mais proximamente, sabem que eu adoro tomar
banho de chuva. Como estava indo para casa, nem me importunei. E foi assim,
acabei me banhando com a chuva fria naquela terça-feira de verão e fui para a
minha casa todo ensopado, sem neuras. Cheguei em minha casa e fui logo tirando
a camisa. Como estava com muita fome, saboreei um delicioso macarrão que havia
sido preparado com muito esmero, enquanto assistia pela TV aos flashs do
velório do nosso grande rei Pelé. Após a refeição, fui trabalhar em um texto
que eu estava preparando. Posteriormente, eu tive que ir ao Shopping Center
para adquirir uma pequena lembrança para uma criança, cujo aniversário eu iria.
Essa é uma história curiosa. Em 2016, eu tive a oportunidade de fazer um
casamento e foi muito especial. Celebramos o casamento em uma fazenda e o ponto
culminante foi que a noiva chegou em Calhambeque fabricado em 1930. Ela saiu de
um determinado bairro para outro e demorou bastante. Um percurso que poderia
ser feito em 15 minutos demorou cerca de 1h30. Todos os convidados e eu, que
iria oficiar o casório, estávamos debaixo de um sol escaldante ao meio-dia. Quando
ela chegou, corremos com o ofício, pois todos estavam torrando debaixo do sol
em um gramado. Talvez tenha sido a celebração mais rápida que eu tenha feito.
Durou 12 minutos. Depois da cerimônia, tive que me retirar por conta de uma
viagem e não pude curtir a festa. Todavia, aquela celebração marcou muito
aquele casal a ponto de me convidarem para falar algumas palavras no
aniversário da pequena princesinha linda que nasceu nos Estados Unidos da
América em 2022. Eu havia dito à mãe que eu não tinha mais uma vinculação
religiosa, mas, mesmo assim, ela insistiu para que eu estivesse presente,
fazendo questão da minha presença.
Eu fui
e em dado momento, mesmo sem um preparo mais específico quanto ao que falaria
ou expressaria à família, dirigi algumas palavras e fiz uma prece. O curioso
foi que eu abordei uma expressão presente na Bíblia que é muito conhecida para
a maioria dos cristãos e que se encontra no livro de Provérbios 22, verso 6.
Diz assim: “Ensina a criança no caminho em que deve andar e ainda, quando for
velho, não se desviará dele”. Eu já havia falado desse texto por diversas vezes
na minha vida passada, mas nunca tinha o abordado da forma como eu o abordei.
Parti da premissa de que o pensamento nascia do olhar de pessoas que viviam no
deserto, sem orientações educacionais tradicionais, sem moralismos e sem
sistemas estruturantes. Em sendo assim, o grande desafio para os pais, mães ou
responsáveis era o de indicar às crianças os lugares onde elas poderiam beber,
comer e saborear a vida da melhor forma possível. Era preciso ensinar às
crianças os lugares de vida.
Depois,
curtimos a festa, comendo muitos salgadinhos, os mais diversos. Encontrei-me
com um amigo muito especial e tivemos uma ampla, amistosa e bem humorada
conversa. Tudo foi muito especial. Confesso a vocês que cheguei ao fim do dia
bastante cansado. Passei em meu escritório, olhei os meus livros um pouquinho,
mas me contive em lê-los. Eles que esperem. Hora de dormir e sonhar muito...
muito... muito...
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