quinta-feira, 18 de setembro de 2008

AFETANDO E SENDO AFETADO

A vida é relacional, portanto afetuosa.
A cada dia, fico mais convicto de que as micro dimensões dos nossos relacionamentos se dão na complexidade da existência e dos afetos. Aliás, quando se vai à etimologia da palavra complexo, se descobre que “com plexus” é tudo o que se encontra emaranhado, tal como os fios de um tecido.
Ora, ninguém se engane, a vida é realmente complexa. Mesmo sendo presente sagrado, possui ramificações que nos encantam e nos amedrontam. A vida é um todo muito maior do que as partes que a compõem, parafraseando Aristóteles.
Já dizia o grande rabino dos Evangelhos: “Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância”. Às vezes, para refletir sobre o significado e profundidade dessas palavras que – aliadas a outras histórias, tais como a das duas casas ou a dos dois caminhos – me levam a considerar a vida sobre duas dimensões distintas: o carrossel ou montanha russa.


Àqueles que já tiveram a oportunidade de ir a um parque de diversões sabem muito bem o que vou propor: o carrossel – cavalinhos que giram em uma mesma direção em um sobe e desce mavioso. Uma música meio que irritante ao fundo e pouca, quase nenhuma emoção. Risos pálidos e tédio, muito tédio. As crianças separadas, montadas em seus cavalinhos plásticos. E o giro revela, minuto após minuto, o mesmo cenário, bucólico...



A montanha russa – um trenzinho em que ninguém vai sozinho, mas acompanhado. A subida lenta sugere uma respiração pausada, a inquietação é premente. Os risos carregados de excitação e expectativa dão lugar ao grito prazeroso justamente quando os carrinhos alçam uma velocidade estrondosa em poucos instantes. E ali, naquele insólito momento, já não há razões, nem sensos de direção. Não há preocupações, somente o desejo de chegar ao fim da linha. Mas todos podemos concordar em um coisa: a vida é muito mais uma montanha russa do que um carrossel. Aliás, se eu tivesse que escolher a forma como sempre viveria minha vida, optaria pela montanha russa.
Mesmo porque vida sem emoção pode ser considerada morte. É preciso que tenhamos em mente a certeza de que vida em abundância é muita vida, portanto emocionante e cheia de curvas fechadas e “loops”.
Ademais, no carrossel há isolamento. Na montanha russa, vai-se acompanhado. E nada melhor do que experimentarmos o outro, diferente e tão igual, afetando-nos e sendo afetado.
De igual modo, diante dessa simples analogia da vida, ocorre a complexidade educacional. Somente mediante afetos recíprocos, a educação em todos os seus níveis permitirá a sinalização de um mundo melhor. Temos consciência que os afetos, assim como a vida, são dialógicos, ou seja, possuem lados opostos e díspares. Tem muita gente que sabe afetar o outro positivamente, mas também existe muitos outros que afetam o outro, consequentemente a vida sem o devido respeito e dignidade.
Que aprendamos em todas as dimensões do cotidiano a vivenciar as múltiplas dinâmicas de nossas montanhas russas afetuosas.


Moisés A. Coppe

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