Amar é viver de forma viva e ávida!
Amo viver porque viver é amar...
Intensamente, com angústia ardente
Tal qual a nau perdida no mar.
Enquanto amo, vivo e sonho,
Pois melhor que viver, é viver e sonhar.
E mesmo quando a vida não acede
Teimoso, insisto até naufragar.
Náufrago, solitário sob o sol e o vento
Deixo as ondas me banharem a alma
Sibila o voo da gaivota azul
Que me encanta gerando-me a calma
A vida é ávida, gente!
E é sempre bom que assim seja...
Ela é graça que nem sempre tem graça,
Mas dá sentido ao que a busca, almeja.
O que é o amor? Me fizeram essa pergunta! E eu não tinha nenhuma resposta pronta. Ao contrário, fiquei confuso com a questão e me pus a refletir sobre o significado dessa expressão que abarca diversos sentimentos e reações físicas no corpo. Li e reli diversos poemas. Me percebi envolto pelas tramas e romances diversos que me trouxeram emoções. Ouvi e cantei músicas. A somatória de todas essas expressões era ainda, para mim, uma gota d’água no meio do oceano...
sexta-feira, 9 de dezembro de 2016
quinta-feira, 1 de dezembro de 2016
PEC 55
Há tempos
não escrevo coisa alguma sobre política. Desencanto? Talvez! Embora goste muito
da política clássica, reconhecendo nela os fundamentos essenciais para a vida
social e econômica de uma sociedade, certo é que no nível da política
estrutural orientada pelo Estado, chegamos a um patamar extremado de sandices e
bizarrices.
Estudo
política clássica desde 2004, de forma mais determinada. Gosto de Maquiavel e
Weber, sem desconsiderar Marx e Gramsci. De fato, estes pensadores trouxeram ao
terreno político, boas e importantes contribuições, revelando a política como
ela é. Assim, pessoa alguma, tendo amplo acesso a uma rede grandiosa de
informações sérias e pontuais, pode se afirmar enganada em relação aos
processos políticos que acontecem no mundo, em geral, e no Brasil, em
particular. Todos são eivados de ampla contradição. Aliás, o desenvolvimento da
atividade política é uma síntese de contradições.
Todavia,
acho que chegamos a um nível de contradição extremado. Com a derrubada do
governo Dilma e com a assunção do governo Temer – e é bom que se diga: são dois
governos completamente diferentes –, os sinais que se revelam no país são
assustadores. Celebra-se com veemência a possibilidade de avanço econômico. Líderes
políticos eleitos pelo povo vociferam a necessidade de se retomar o crescimento
econômico e estrutural do Brasil, o que aparentemente é muito bom, passando por
cima de tudo e de todos, sacrificando sistemas basilares como a educação, a
saúde, a assistência social e a cultura. O que está em jogo, no fundo, é a
famigerada busca pelo poder financeiro e a manutenção do status quo para pouquíssimos.
A votação do
texto da PEC 55, antiga PEC 241, na noite de terça-feira, dia 29.11.16, que
congela os gastos públicos por até 20 anos e pisa na Constituição de 1988, foi
aprovada em dois turnos pela Câmara dos Deputados e em um único turno pelo
Senado. Essa foi a prioridade do governo Temer, que procura revelar aos
cidadãos brasileiros uma ação simbólica para conter os gastos públicos. O
problema refere-se ao fato de que os gastos públicos estão diretamente ligados
às políticas sociais que visam, enfim, cuidar definitivamente do bem estar dos
mais empobrecidos na sociedade. De fato, a redução significativa dos
investimentos com a educação e a saúde é o grande senão da PEC 55, por um fator
emblemático: setores privados se estimularão amplamente, se aninhando aos
espaços públicos para produzir o simulacro. Sim! Todo esse esforço do
Legislativo visa, tão somente, promover ações e discursos que favorecerão um
grupo minoritário e economicamente dominante. Por exemplo, ouvimos falar, pela
boca pequena, da transformação do SUS em um plano de saúde popular. Assim, mais
uma vez, se pisará na Constituição Federal, que afirma o papel do Estado na
defesa dos direitos basilares dos cidadãos.
Os
favoráveis à PEC 55 dizem que as medidas são necessárias. Necessárias para
quem? Logicamente, aos que possuem interesses mercadológicos e que fazem
questão de manter as desigualdades evidenciadas em nome de um direito para
todos. Se o direito é para todas as pessoas, em um nível de igualdade, os
grupos empobrecidos, que são a maioria, ficam mais distantes das possibilidades
de melhoria das suas próprias vidas. O princípio que deve reger toda a lógica
sociopolítica é o de afirmar os direitos daqueles que menos possuem,
melhorando, por exemplo, a distribuição de renda. Todavia, o que ocorre é o
contrário. É uma luta inglória.
Ademais, e
talvez este seja o ponto mais crítico, a PEC 55 é uma interferência audaciosa à
Constituição. Em outras palavras, é um anúncio explícito de um Golpe de Estado.
Manifestam-se
contra esse golpe na Constituição, diversos segmentos da sociedade civil, como
por exemplo: a Campanha Nacional pelo
Direito à Educação, o Movimento Todos
pela Educação, o Instituto Alana,
o Movimento Interfóruns de Educação Infantil
do Brasil, a Rede Nacional Primeira
Infância e a União Nacional dos Dirigentes
Municipais de Educação.
Buscando uma
referência mais técnica e crítica, o Centro
de Referências em Educação Integral preparou cinco argumentos contrários à
PEC 55. São eles:
1. A PEC 55 fere a soberania e o voto
popular. Mesmo que um novo presidente seja eleito em 2018, somente poderá fazer
alguma revisão na proposta em 2027. Assim, um chefe do Executivo, legal e
legitimamente eleito, não terá a possibilidade de definir os limites e as ações
mais expressivas do seu governo, principalmente se quiser melhorar saúde e
educação;
2. Nenhum país do mundo definiu, por
lei, limite de gastos públicos: existem em outros países – Holanda, Dinamarca,
Finlândia e Suécia, por exemplo – acordos políticos para controle de gastos
públicos, mas nunca uma pauta de lei. Nenhum país impõe limites á Constituição
como se está fazendo aqui no Brasil. Ademais as experiências dos referidos
países definiram os gastos com percentuais acima da inflação, e não como
correção;
3. A PEC 55 vai aprofundar a
desigualdade e a justiça social: como já abordamos anteriormente;
4. Os gastos brasileiros com saúde,
educação e assistência social não estão fora de controle: portanto, trata-se de
uma falácia para justificar as ações do novo governo;
5. Ao invés de se mexer na saúde e
educação, torna-se urgente mexer na estrutura tributária: Os economistas são
unânimes em afirmar que o atual problema da economia reside na forma de
arrecadação e tributação e não nos gastos sociais. Assim, o Estado pode
arrecadar mais por intermédio de impostos. O problema é que os donos de capital
teriam que pagar mais impostos. Há um desiquilibrio tributário. Segundo o
Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – IPEA, os mais pobres pagam 32% de
impostos enquanto os mais ricos pagam apenas 21%.
As questões
que envolvem a PEC 55 estão longe de uma resolução, mesmo porque grande gama da
população está passiva frente a tudo o que está acontecendo no Congresso e
Senado. As manifestações estão acontecendo, mas não contam com o apoio maciço
dos que gostam de “bater panela”, sequer dos que não batem também. Um restrito
grupo de trabalhadores, sindicalistas, professores e alunos tem se manifestado
publicamente, sendo rechaçado pelo poder executivo, vitimados e violentados pela
polícia. Mas o problema principal não está sendo tratado. Segundo Marcus de
Aguiar Villas-Boas, doutor pela PUC-SP, em artigo na Carta Capital, os “defensores da PEC usam uma cortina de fumaça
para fugir do real problema, ao criticar quem infla o valor dos juros com os
valores da dívida rolados. A questão é que o País está pagando dívida, juros
altíssimos e contraindo nova dívida, o que não gera retorno. É um círculo
vicioso que provoca enorme aumento das despesas estatais. O déficit brasileiro
não estourou por conta das despesas primárias, que crescem regularmente desde
1997, apesar de que poderiam ser otimizadas: reduzir corrupção e má eficiência,
por exemplo, para gastar melhor”.
Dessa forma,
torna-se vital mudar o eixo da prosa para entender que a PEC 55 aponta um
problema irreal, para favorecer o enriquecimento dos que já estão com o bolso
cheio de dinheiro.
O fim dessa
história, mesmo para os cegos que não conseguem ver coisa alguma, é um só: o
aumento da desigualdade entre ricos e pobres. E para aqueles que acham que tais
medidas vão solucionar a crise, mero engano. O acirramento será cada dia maior,
pois o que se busca de fato é um Estado que se configure como Welfare State e dignifique os seus
cidadãos pobres, mesmo porque o hiato historicamente gerado inerente a
segregação social é fruto da acumulação de bens por parte de poucos. O mal
estar social se estabelece entre nós brasileiros e os tempos vindouros não
serão tão salutares. Se as vacas estavam vistosas no pasto, agora vão secar...
e morrer...
segunda-feira, 28 de novembro de 2016
SINTO-ME
Sinto-me equivocado
Vivendo num mundo equivocado
Dotado de pessoas que me ajudam a ampliar meus equívocos!
Sinto-me errado
Vivendo num mundo errado
Dotado de pessoas que me ajudam a ampliar meus erros!
Sinto-me deslocado
Vivendo num mundo deslocado
Dotado de pessoas que me ajudam a ampliar meus
deslocamentos!
Sinto-me confuso
Vivendo num mundo confuso
Dotado de pessoas que me ajudam a ampliar minhas confusões!
Sinto-me perplexo
Vivendo num mundo perplexo
Dotado de pessoas que me ajudam a ampliar minhas perplexidades!
Sinto-me angustiado
Vivendo num mundo angustiado
Dotado de pessoas que me ajudam a ampliar minhas angústias!
Sinto-me atormentado
Vivendo num mundo atormentado
Dotado de pessoas que me ajudam a ampliar meus tormentos!
Sinto-me, enfim, sem sentido
Vivendo num mundo sem sentido
Dotado de pessoas que me ajudam a ampliar minha momentânea
ausência de sentido...
sexta-feira, 25 de novembro de 2016
PENSAMENTO EM MEIO AO PARCO SOL
O sol é parco.
As nuvens opacas,
Mas o sorriso amigo
Torna tudo colorido.
Somos seres que desejam
O apego sobrenatural
Que nos dá sustentação
Nos difíceis dias de aflição.
Mas não há de ser nada
O amor frágil e pequenino
Sobrevive ante a tempestade
Desfazendo a ansiedade...
Tudo é calmo
Sereno dia de sol parco
Uma criança brinca
Eu penso em você...
quinta-feira, 3 de novembro de 2016
Contentamentos...
Seu dia! seu tempo! Em tudo, sua hora.
Dia de celebrar!
Tempo de recriar!
Hora de se refazer!
Celebrar a vida, Recriar as relações, Refazer as utopias!
Vida que passa a cada dia!
Relações que se valorizam no tempo!
Utopias que lampejam a toda hora!
Nos dias que se passaram e que chegarão
No tempo que era ontem e já é amanhã
Na hora que se encanta com simplicidade e sorrisos.
Enfim, contentamentos!
Dia de celebrar!
Tempo de recriar!
Hora de se refazer!
Celebrar a vida, Recriar as relações, Refazer as utopias!
Vida que passa a cada dia!
Relações que se valorizam no tempo!
Utopias que lampejam a toda hora!
Nos dias que se passaram e que chegarão
No tempo que era ontem e já é amanhã
Na hora que se encanta com simplicidade e sorrisos.
Enfim, contentamentos!
quinta-feira, 27 de outubro de 2016
sexta-feira, 7 de outubro de 2016
O TEMPO NO OLHO
Moisés Coppe
Meu olho que
não vê, vê além do que precisa ser visto
Vê o tempo
passando lentamente, junto às nuvens espraiadas no urano.
O azul até
acalma os sentidos, mas o cinza insiste em machucar a alma.
Os cães
famintos e raivosos não se prendem ao âmago do ser. Eles avançam.
Um misto de
insanidade e agonia se instaura em meu semblante. Meu olho vai ser devorado.
Ouso
caminhar contra a ferocidade dos insanos que querem possuir o que não tenho.
Minha
respiração não é pausada, no meu peito pulsa a máquina de carne.
Sinto o
fluido rubro percorrer o corpo. Os músculos retesados não cedem ao relaxamento.
Deito-me num
leito de ansiedades e me debato como um louco que não quer ser contido.
Deflagro
meus intentos mais íntimos e os vejo expostos diante de mim. Tenho medo. Pavor
e assombro me lançam ao canto das paredes mofadas. Minhas narinas ficam
sufocadas e o cheiro dos fungos me provoca o nojo.
Quero o sol
e o seu calor. Quero o brilho intenso do fogo e o seu abraço aquecido nas
noites desérticas. Meu ser em si quer trégua.
Levanto
simbolicamente a bandeira branca num ato solitário, desejando cessar a batalha.
Quero o mesmo intento do meu inimigo que não existe. Todavia, ele insiste em
continuar.
Saio da
trincheira com o peito aberto. Desnudo, insisto alcançar tudo o que quero, sem
saber muito bem pelo que de fato lutar.
Se espero
algo do futuro? Acho que o futuro vai ter que esperar o que dele posso esperar.
O tempo
continua passando e eu o vejo, a cada momento mais perplexo.
Cheio do incerto
em minhas incontidas sérias bobagens, me detenho à beira do rio, só pra ver as
bolhas do fundo profundo e o fluxo que não há de cessar.
segunda-feira, 5 de setembro de 2016
"EU COMPREENDO, MAS NÃO CONCORDO!"
(Em
memória do amigo Márcio Quaglio de Souza)
Hoje, no início da manhã, o
canto dos pássaros no quintal de minha casa não ecoava a mesma beleza de todos
os dias. Havia um lamento no ar. Minha mulher me alertou que um canto diferente
destoava entre os já conhecidos. O telefone toca e eu prontamente pronuncio: -
É o Márcio! Não era o Márcio, mas o Júnior me comunicando sobre o Márcio.
Recebi a notícia de seu
encantamento, pois pessoas como o Márcio não morrem. Ficam encantadas, como bem
diria o saudoso Rubem Alves.
Os amigos e amigas sabem bem
do que estou falando. Márcio é uma dessas obras raras que Deus molda com a
finalidade de fazer diferença na vida de outras múltiplas pessoas. Falo dele no
presente, por uma razão óbvia: ele só será lembrado no presente, como presente.
Envolto sempre numa
interminável obra em prol das pessoas, deixando de lado, por vezes, sua
família, Márcio é um autêntico exemplo que cabe bem no aforismo de
Groucho Marx, envolvendo a conversa entre duas crianças. Uma delas diz:
"- Vamos descobrir um tesouro naquela
casa?” “- Mas não há casa alguma ali!” Retrucou a outra. “- Então, vamos
construí-la!"
Assim, construindo o que não estava construído,
Márcio se põe a sinalizar os valores inegáveis do Reino, chamado de Deus,
especialmente na vida das pessoas. E não há limites. Seus braços fortes sempre
se estendem a quem quer que seja. Seu empenho sempre é dedicação exclusiva a
quem precisa de alguma ajuda nos campos emocionais, espirituais e materiais.
Sua generosidade excede o entendimento dos que abraçam, tão somente, os
interesses capitalistas.
Hoje, falo como você sempre fala, meu amigo: “-
Eu compreendo, mas não concordo”. Isso se dá sempre quando estudamos a Bíblia.
E vamos continuar as nossas conversas, pois como você, eu também compreendo muitas
coisas e não concordo com várias delas. Aliás, eu compreendo seu encantamento,
mas não concordo com ele. Não agora, visto que todos(as) também seremos
encantados.
Estamos na Primavera. Das estações do ano, a
mais florida. Você é o ipê amarelo que encanta o caminho e insite em revelar o
poder das flores amarelas. É bom que seja assim, independente do fim fatídico
que elas têm, quando se transformam em tapetes. Diante do inevitável, você
continua a florir. Diante do inevitável, sua beleza provoca a saudade.
Lembro-me de Drummond quando disse:
Por muito tempo achei que saudade é falta. E
lastimava, ignorante, a falta. Hoje não a lastimo. Não há falta na ausência. A
ausência é um estar em mim. E sinto-a branca, tão pegada, aconchegada nos meus
braços, que rio e danço e invento exclamações alegres, porque a ausência, essa
ausência assimilada, ninguém a rouba de mim.
Meu amigo, você está encantado como presença-ausência.
Ficam já, agora, para mim, as boas memórias, os risos, os debates pelo melhor. E
quando quiser visitar minhas memórias, venha de braços abertos, pois os meus
também estarão. O seu legado já acontece em mim, desde ontem mesmo, quando nos
conhecemos.
E se muitos teólogos, afoitos que são, dizem que
primeiro a morte, depois a ressurreição, já me antecipo em discordância e digo:
morte é ressurreição. Você está vivo, e porque vivo, encantado, e porque
encantado, sugiro que continue a nos encorajar nessa grande e inusitada
aventura chamada vida. E por favor: tome cuidado ao andar de moto por aí!
sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016
Memórias e Saudades
Vinicius de Moraes disse que saudade é a vontade de estar perto, se longe e mais perto, se perto.
Recentemente, em um almoço familiar, tivemos uma experiência de saudade muito significativa. Enquanto saboreávamos uma apetitosa feijoada e partilhávamos as bebidas geladas, um copo destacou-se em outros. Sua cor era azul, mas não era um copo azul qualquer. Era o copo que meu avô usava todos os dias em suas refeições. Como eu disse, aquele copo não era só um copo, mas um poço de contos e histórias. Um poço de rememorações e saudades.
Minha tia Penha, bem humorada, e que estava completando mais um aniversário naquele dia, perguntou: “Esse é o copo de pai?” Ao que outra minha tia, Marluce, respondeu: “Sim! É dele!” Curiosamente, notei que elas não usaram o verbo no passado. Naquele instante, emoções eclodiram em todos os presentes, nas formas inusitadas dos choros e risos, das memórias e das lembranças, as mais diversas.
Já não era só um copo, mas um objeto de saudade. Naquele exato momento, histórias, as mais diversas vieram à tona, fazendo com que a ausência de meu avô José Silvério Abdon se fizesse presente. Aquele copo havia sido tocado por suas mãos. Aquele copo havia sido o portador de diversas bebidas que meu avô ingeriu por necessidade ou prazer. Aquele copo transportou toda a minha família reunida naquela ceia-eucarística para os melhores tempos de nossas vidas, especialmente, os tempos onde houvera a manifestação dos mais singelos sentimentos de amor. Aquele copo havia sido lavado centenas de vezes pela minha avó Maria Nina Fernandes. Suas mãos carinhosas o lavaram e o enxugaram centenas de milhares de vezes.
No bom eterno momento de celebração das memórias, a alegria da vida nos visitou. Minha outra tia Marluce disse haver guardado aquele copo com muito carinho. Naquele momento, ela fez um gesto carinhoso e deu de presente aquele objeto de saudade para a tia Penha. Não é isso os que os poetas chamam de instante de eternidade?
Eu, de minha parte, quis registrar isso com o intuito de enfatizar que a saudade, além de ser um sentimento que consome a gente, igualmente nos refaz, nos recria, pois sempre se manifestando no coração das pessoas de bem.
Sim, Vinícius de Moraes estava certo: saudade sempre é um convite para as pessoas – de perto e de longe – se aninharem com a gente.
Minha tia Penha, bem humorada, e que estava completando mais um aniversário naquele dia, perguntou: “Esse é o copo de pai?” Ao que outra minha tia, Marluce, respondeu: “Sim! É dele!” Curiosamente, notei que elas não usaram o verbo no passado. Naquele instante, emoções eclodiram em todos os presentes, nas formas inusitadas dos choros e risos, das memórias e das lembranças, as mais diversas.
Já não era só um copo, mas um objeto de saudade. Naquele exato momento, histórias, as mais diversas vieram à tona, fazendo com que a ausência de meu avô José Silvério Abdon se fizesse presente. Aquele copo havia sido tocado por suas mãos. Aquele copo havia sido o portador de diversas bebidas que meu avô ingeriu por necessidade ou prazer. Aquele copo transportou toda a minha família reunida naquela ceia-eucarística para os melhores tempos de nossas vidas, especialmente, os tempos onde houvera a manifestação dos mais singelos sentimentos de amor. Aquele copo havia sido lavado centenas de vezes pela minha avó Maria Nina Fernandes. Suas mãos carinhosas o lavaram e o enxugaram centenas de milhares de vezes.
No bom eterno momento de celebração das memórias, a alegria da vida nos visitou. Minha outra tia Marluce disse haver guardado aquele copo com muito carinho. Naquele momento, ela fez um gesto carinhoso e deu de presente aquele objeto de saudade para a tia Penha. Não é isso os que os poetas chamam de instante de eternidade?
Eu, de minha parte, quis registrar isso com o intuito de enfatizar que a saudade, além de ser um sentimento que consome a gente, igualmente nos refaz, nos recria, pois sempre se manifestando no coração das pessoas de bem.
Sim, Vinícius de Moraes estava certo: saudade sempre é um convite para as pessoas – de perto e de longe – se aninharem com a gente.
quarta-feira, 23 de dezembro de 2015
Um Natal com contentamentos...
Muitas coisas nos aconteceram em 2015. De fato, muitas dificuldades foram vivenciadas por todas as pessoas de bem neste ano. Todavia, estamos chegando ao fim de mais um ciclo em nossas jornadas existenciais. Neste ano, já quase passado, muitos eventos ocorreram, alguns positivos, outros negativos, e eles trouxeram alegrias ou desorientações. Em todos eles, saímos mais fortes e com o olhar confiante de que as coisas podiam melhorar. Podem melhorar! Hão de melhorar!
E por estarmos melhores ou esperarmos as coisas melhores, precisamos pausar agora a nossa jornada para agradecer aos céus tudo de oportuno que nos ocorreu. O Natal é sempre um convite para vislumbrarmos a serenidade do menino infante na manjedoura e assim recriarmos a nossa trajetória com os passos firmados em humildade.
Para este tipo de culto à simplicidade, neste tempo de celebrações alusivas ao fim do ano, acho até desnecessária a festa, propriamente dita, mas a necessária companhia das pessoas amigas a quem se quer bem.
Sendo assim, quero desejar a todos(as) um Natal cheio de contentamentos, não necessariamente feliz, pois felicidade é passageira; e um Ano de 2016 relativamente bom e cheio de satisfações pessoais e comunitárias. Tudo isso regado a boas palavras, educação, gentilezas e muita esperança.
Moisés Coppe.
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