O que é o amor? Me fizeram essa pergunta! E eu não tinha nenhuma resposta pronta. Ao contrário, fiquei confuso com a questão e me pus a refletir sobre o significado dessa expressão que abarca diversos sentimentos e reações físicas no corpo. Li e reli diversos poemas. Me percebi envolto pelas tramas e romances diversos que me trouxeram emoções. Ouvi e cantei músicas. A somatória de todas essas expressões era ainda, para mim, uma gota d’água no meio do oceano...
segunda-feira, 11 de maio de 2015
sábado, 18 de abril de 2015
Reforma da pesca faz a revolução em Santa Catarina (Texto Histórico sobre Paulo Wright)
Paulo Stuart Wright é natural de Joaçaba em Santa Catarina.
Filho de missionários – Rev. Latran e Da. Bela Wright foram seus genitores –
adquiriu os conhecimentos primários na Escola Evangélica de Joaçaba de onde se
transferiu para o Instituto Educacional de Passo Fundo, a fim de cursar o
ginásio e o científico, e, posteriormente para o “College of the Ozanks”, no
estado de Arkansas, EUA, onde se graduou em sociologia e política.
Posteriormente, especializou-se em estudos de população, na universidade da
Flórida, também nos Estados Unidos, após o que volta ao Brasil. Na terra de
seus pais, foi um dos fundadores de um expressivo grupo contrario à
discriminação racial, na universidade da Flórida. Não obstante haver concluído
com brilhantismo todos os cursos, sentiu necessidade, à certa altura de sua
vida, de tomar um contato mais íntimo com as classes trabalhadoras a fim de
conhecer, na realidade, suas reações sociológicas. Em 1956, quando se achava em
nova viagem aos EUA, fez-se trabalhador braçal, no setor da construção civil,
em Los Angeles. No ano seguinte, voltou ao Brasil e se empregou como ajudante
de torneiro-mecânico numa outra indústria de São Paulo. Em 1960, foi secretário
regional da União Cristã de Estudantes
do Brasil e, no ano seguinte, Secretário da D. R. da Fronteira Sudoeste[1],
em Joaçaba. Pouco depois, foi convidado pelo governador do estado para dirigir
a imprensa oficial, de onde saiu para dar início à organização da FECOPESCA –
Federação das Cooperativas de Pesca de Santa Catarina.
Jovem, inteligente e dinâmico, e reunindo preciosa
experiência, Paulo Wright é, hoje, figura quase simbólica para os homens-do-mar
do seu estado. Seu nome, ao lado do que leva a organização de qual é o autor, é
tido como sinônimo de redenção pelos milhares de pescadores sulistas.[2]
[1]
Delegado Regional.
[2] Texto escrito pó Carlos Pizarro em 1964. Revista Cruz
de Malta. Ano XXXVI n• 1 – 1964. P. 12 Jan – Fev.
quinta-feira, 9 de abril de 2015
Carta de Desligamento da Igreja Metodista no Brasil
JUIZ DE
FORA, Páscoa de 2015 – Domingo da Ressurreição
Palavras iniciais
Combati o bom combate
Completei a carreira
Guardei a fé.
II Timóteo 4.7
Amigos e
amigas que me conquistaram na trajetória pastoral,
Graça e
paz!
Na epígrafe em evidência, o
apóstolo Paulo, no contexto da segunda carta a Timóteo, nos estágios finais de
sua própria vida, revela um resumo de sua jornada espiritual com Cristo. As
três frases constituem-se num tripé fundamental para toda pessoa que deseja de
todo o coração, ser fiel à carreira a que se propõe. Segundo William Barclay,
teólogo escocês, é provável que o apóstolo Paulo tenha feito uma analogia entre
a sua vida e os jogos romanos, usuais em seu tempo. Por exemplo, ao falar de
combate, alude à competição que ocorria na arena do circo romano. Combater o bom combate refere-se, então,
à consciente disposição do atleta em doar energia numa boa e justa luta
independente de ganhar ou perder. No que se refere a completar a carreira, Barclay afirma que “é fácil começar; difícil
terminar. Na vida é necessária a resistência, e muita gente não a tem”.
Entretanto, Paulo declara que concluiu bem a carreira a que se propôs. E, em
terceiro lugar, Paulo afirma ter guardado a fé, numa possível alusão ao fato de
que ele honrou sua missão, sendo fiel a Cristo. (BARCLAY: The second letter to Timothy. Disponível
em ipuniao.org.br/ biblioteca).
Longe de parecer-me com o
referido apóstolo, tomo emprestadas as suas palavras e o comentário devocional
de Barclay, para dizer: combati o bom
combate, guardei a fé, mas não vou completar a carreira, pelo menos no
campo ministerial na igreja metodista no Brasil. Entretanto, fiz o melhor que
pude e com sincero sentimento de dedicação, pastoreei com responsabilidade os
paroquianos a mim confiados, honrando em meu ministério Cristo, meu Senhor.
Numa perspectiva pessoal, esta
será a última vez que escrevo a essa que foi sempre minha amada igreja. Quanto
aos (às) amigos (as), continuarei a relatar meus sentimentos, num campo mais
amplo e livre. De antemão, gostaria muito que todos considerassem esta minha
narrativa na perspectiva de uma alma inquieta, que sempre desejou contribuir
sobejamente pela causa do Reino de Deus. Em segundo lugar, espero que este
comunicado seja acolhido como a expressão de alguém que espera o bem estar para
todas as pessoas.
Desencantamento
com a igreja metodista
Para os que acham que a minha
decisão foi impensada ou tomada puramente no campo das emoções, quero deixar
claro que minha inquietação com a igreja metodista iniciou-se em 2006, no campo
de guerra chamado concílio geral.
Neste conclave, marcado por um
alto índice de politicagem suja nos bastidores e corredores, antes e durante as
sessões, acordos espúrios foram efetivados, gerando umas das mais insanas
eleições da história do metodismo em terras brasileiras. Sempre ouvi em
testemunhos múltiplos oriundos de amigos (as), que a eleição de um bispo ou de
uma episcopisa se dava num campo de sensibilidade espiritual, onde os (as)
pastores (as) reconheciam entre os pares os mais capacitados pastoralmente para
o exercício de pastorear pastores (as). Entretanto, o clima pesado das eleições
em 2006, a decisão contra a proposição ecumênica da igreja metodista e a
patinação administrativa, aliada a hipocrisias díspares, me fizeram sofrer um
primeiro processo de desencantamento. A igreja era para mim a namorada ideal,
com suas imperfeições, é claro, mas ideal em minhas perspectivas pontuais.
Muito do que conquistei em minha vida devo a igreja metodista, como por
exemplo, os rudimentos da fé, a formação teológica e os valores que fizeram de
mim uma pessoa melhor. Adjunto a essas conquistas, aprendi a ser transparente
por demais. A primeira sessão do concílio em Aracruz finalizou-se, sem
finalizar-se. Veio a segunda sessão, pois todas as temáticas administrativas
estavam em aberto, entretanto novas conciliações esquizofrênicas aconteceram em
São Bernardo do Campo, na Umesp. Os conchavos por debaixo dos panos continuaram.
Fingiu-se a conciliação, mas a ferida aberta na primeira sessão, imensa por
sinal, ficou aberta.
Debate de
ideias, defesa das pessoas
Com a chegada do atual bispo da
IV Região, em 2007, as expectativas eram grandes e alvissareiras. Teríamos um
tempo diferenciado para a região? No concílio regional de 2006, fui eleito para
a Coordenação regional de ação missionária – Coream (2007-2008). Na mesa, já no
exercício da função, debatemos questões específicas inerentes à natureza da
igreja metodista na IV Região, e logicamente, muitas indisposições advieram,
pois a tonalidade impositiva da “presidência” se tornou evidente. Embora ciente
de que as questões estavam sendo tratadas no campo das ideias e não no campo pessoal,
decorreu dessa relação o surgimento de uma série de comentários, principalmente
oriundos dos meus pares, que afirmavam que eu estava me levantando contra o bispo
da região. Todavia, longe de mim estava a ideia de importunar qualquer pessoa
dentro dos círculos sociais e eclesiásticos. Ao contrário, estava tão somente,
defendendo os interesses da IV Região, tendo sido legitimamente eleito em
concílio para a função. Inclusive, em uma reunião afirmei em alto e bom som que
não estávamos contra o bispo. Estávamos querendo que as demandas regionais
dessem muito certo, como até hoje muitos querem – Eu abandonei essa ideia. E
por causa de palavras como essa e outras proposições, os comentários se
ampliaram. Na época não dei muita atenção. Mas ultimamente, em meio a múltiplas
revisões de vida, tenho me debruçado em agonia. Minha família muito sofreu, por
ouvir o que não precisava ouvir. Enfim, minha intenção sempre foi a de
trabalhar em prol do bem estar social, segundo o princípio bíblico de buscar o
Reino de Deus e sua justiça.
Concílio
Regional de 2008
No concílio regional de 2008, confesso
ter ficado muito indignado quando percebi ter sido vitimado por colegas que
usaram o meu nome de forma indevida, inclusive acusando-me de armar um golpe
contra o bispo, em virtude de estar participando do movimento: Metodistas Confessantes. Detesto a ideia
de ver ou saber que meu nome está sendo talhado em círculo alheio. A tal sala de oração, neste mesmo concílio,
que se transformou em covil de salteadores – situação da qual o bispo tomou
conhecimento – corroborou com a injustiça e desfez os princípios sagrados do
Reino de Deus. De minha parte, gosto muito da conversa ao pé da mesa, embora, naquele
tempo e na atualidade, elas não sejam muito permitidas, afinal de contas, o que
vale é seguir a “visão” imposta.
Do meu envolvimento com os Metodistas Confessantes, como a maioria
sabe, surgiu a questão dos irmãos de Belém em 2010. Pela amizade e o carinho
que nutria, especialmente por um irmão em específico, o qual conheci no
Instituto Metodista Granbery, agi com o intuito de tentar reverter um quadro
que, na minha concepção pessoal, estava sendo conduzido de forma indevida e
poderia ter um desfecho pastoral emblemático e significativo. Sempre acreditei
no pluralismo da igreja e na sua sempre constante busca por unidade. Sempre
acreditei que o mais belo em toda a trajetória da igreja metodista estava
figurado no fato dela saber lidar com as suas diferenças de forma conciliar. De
fato, somos diferentes e plurais, mas isso não nos impede de termos objetivos
comuns, conquistados no terreno do diálogo franco, honesto e preocupado com o
bem estar das pessoas, pelo menos em sua maior parte. Em suma, nossa identidade
ou o que se pensa dela, é marcada pela síntese das contradições. Essa é a minha
concepção.
Na mesma época supracitada, fiquei
triste ao saber, que por ocasião de uma visita a um irmão e sua família, que
moravam na cidade de Belisário, juntamente com vários outros irmãos e irmãs da
cidade de Juiz de Fora, espalhou-se a notícia de que eu estava me lançando
candidato a bispo. Fiquei estupefato com a fofoca. Assimilei-a com certo humor
e o tempo, sempre meu grande aliado, mostrou o quanto os burburinhos estavam
equivocados.
Águas
passadas não movem moinhos
Dizem por aí que "águas
passadas não movem moinhos", o que compartilho, mas não podemos nos
esquecer de que as águas passadas podem arruinar e até apodrecer o moinho.
Sendo assim, não quero mais ver os moinhos que giram em minha vida serem
arruinados por coisa ou pessoa alguma. Na minha concepção, alguns moinhos
precisam ser abandonados à própria sorte e lançados ao mar do esquecimento,
para usar aqui uma figura bíblica.
Outrossim, expresso a todos que a
minha vida sempre foi um livro aberto. Casado há 24 anos com uma mulher especial
e companheira, tendo um filho e uma filha, ambos na adolescência, sempre me
preocupei com a minha vida familiar. Ultimamente, estava fazendo minha família
sofrer, pois eu mesmo estava em sofrimento. Fiquei deprimido por três semanas.
Não tinha vontade de sair de casa. Procurei um médico e ele me disse que o
remédio que eu precisava administrar não poderia ser receitado por ele. Sim,
meu problema era a igreja metodista no Brasil. Não a sua belíssima e rica
doutrina, mas os elementos que compõem sua rasa
visão na atualidade.
Em minhas intermináveis buscas
por sentido em relação ao momento que estava vivenciando, a memória levou-me a lembrar-me
do meu encontro diferenciado com Cristo aos 16 anos, na igreja metodista do
bairro Monte Castelo – JF. Entretanto, antes de fazer meus votos na referida igreja,
pesquisei e visitei diversas outras denominações com o finalidade de saber onde
eu poderia desenvolver meus dons e talentos. Enfim, descobri que a que mais me
apetecia era a metodista, por três fatores específicos:
1. Abertura para a ecumenicidade numa dimensão
criteriosa;
2. Perspectiva conciliar com amplas participações
dos leigos;
3. Teologia da graça;
Esses elementos me alimentaram a
alma e me deram contentamento para a jornada cristã. Trabalhei sempre
entendendo a nossa pluralidade. Defendi perspectivas, valorizando ideias
alheias e até diferentes das minhas. Nunca fui um conservador ou tradicional.
Sempre lutei e preguei pela boa renovação da igreja. Sempre entendi que uma
igreja viva precisava de novas inspirações para a vida pública. No metodismo,
sempre encontrei isso.
Mas agora, os tempos são outros.
Eu estou completamente boquiaberto com o volume de proposições neopentecostais no arcabouço da igreja metodista no
Brasil. O fato é que uma instituição como a metodista precisa de dinheiro para
se manter estruturalmente. Antes, o dinheiro provinha de instituições
ecumênicas e das Universidades Metodistas. Hoje, o caminho se dá pela arrecadação
financeira indiscriminada. Recentemente, encontrei uma manifestação em rede
social, convidando pessoas para comprarem a “água consagrada”. Nesse arcabouço,
entristece-me saber que líderes nas igrejas estão oprimindo seus membros com doutrinas
espúrias e campanhas fraudulentas. Entristece-me saber das campanhas
financeiras travestidas de campanhas de prosperidade. Entristece-me saber
que muitos estão evidenciando o assédio moral sobre os membros da igreja,
quando estes se opõem aos famigerados “encontros com Deus(?)”. Entristece-me
saber que os bons são os que fazem a igreja encher-se a qualquer custo.
Entristece-me saber que a boa fé dos(as) irmãos(ãs) é usada para que a(o)
pastora(or) tenha um alto salário. A(O) obreira(o) é digna(o) do seu salário,
mas é indignidade explorar a fé alheia. Entristece-me saber que as assessorias
estão preocupadas, em sua maioria, com a posição social e o status quo. Pastores(as)
estão abandonados(as) à própria sorte. Muitos só permanecem por falta de
opção. Poderia citar uns cinquenta, sem pestanejar. Isso só na IV Região. Nunca
se chegou a um nível tão grandioso de doenças emocionais e físicas, como na
atualidade, além de crises homéricas. Nos corredores eclesiásticos, clamores,
os mais diversos, se intercruzam desvelando problemas, no mínimo, assustadores.
Cansaço
gerado pela teimosia
Eu não sou perfeito e nem padrão
de santidade amorfa para ninguém, mas sempre zelei pelo púlpito e pela prática
pastoral equilibrada. Luto pelas pessoas quando as vejo injustiçadas pelo
sistema. Foi essa igreja quem me conquistou para o ministério pastoral e quem
me preparou para ser o que hoje sou. Amei profundamente e me desiludi
profundamente quando suas principais balizas foram alteradas, fazendo ruir o
edifício histórico que apresentava os monumentos de uma sempre viva tradição
wesleyana. Não compactuo com:
1.
Autoritarismo dos líderes eclesiásticos, com
aceitação muda de imposições ditatoriais;
2.
Visão do G12;
3.
Igreja em células;
4.
Favorecimento dos bajuladores ou os que “puxam o
saco”;
5.
Chacotas e piadinhas sobre os que não se adéquam;
Eu, de fato, hoje, não consigo
mais defender ou mesmo aplicar à dinâmica do meu ministério pessoal os
procedimentos burocráticos solicitados pela igreja metodista, em geral. Não
consigo mais ser submisso ao que não acredito. Se no passado assim agi, foi
muito mais por acreditar na possibilidade de transformação. Mas ela não veio; ela
não ocorreu, ou veio de um jeito estranho ao meu olhar e ao olhar de muitos.
Pode parecer fuga ou coisa do
gênero, mas não quero mais lutar contra os monstros imaginários que perambulam
por esta instituição. Ademais, o que julgo importante não serve para a “visão”
atual. Cansei, e não mais quero exercer o meu direito de falar e de me expor
como muitas vezes o fiz. Cansei de tudo isso. Recolho-me à minha
insignificância. Todas essas reflexões nascem no terreno da angústia e se
aguçam ainda mais quando percebo que sou apenas um joguete nas mãos da
instituição. Não quero mais sê-lo.
Assim, lanço-me à sorte, deixando
uma trajetória pastoral de 22 anos, começada na igreja metodista de Conselheiro
Lafaiete (1992) – meu primeiro desafio missionário, passando pelas igrejas
metodistas de Goiabeiras – ES (1997-1999); Central de Belo Horizonte
(2000-2003); Benfica em Juiz de Fora (2004-2005); Pastoral do Granbery
(2006-2007); Jardinópolis em Juiz de Fora (2007); e culminando agora na igreja
metodista Bela Aurora (2008-2015).
O
exercício do ministério pastoral
Para mim, ainda, o exercício da
carreira ministerial em uma comunidade que tipifica sempre a esperança de um
novo amanhecer é especial, mesmo quando o momento é um crepúsculo cinzento e
nebuloso.
Juro que tentei salvaguardar a
minha alma das intempéries do dia-a-dia para manter-me sóbrio no exercer de
minha prática na igreja local. Mas, em vão! Os mandos e desmandos oriundos de
um processo sem base histórica, sem o mínimo de leitura criteriosa da tradição,
deixaram-me sempre com uma pulga atrás da orelha e múltiplas inquietações no
exercício de minha função.
Deixo o exercício ministerial na
igreja metodista com honra. Não dividi a comunidade e nem convidei qualquer
pessoa para sair comigo.
Saio sem nenhuma perspectiva
profissional, tampouco atividade remunerativa que me auxilie financeiramente,
pelo menos por enquanto. Corro o risco da minha decisão, acompanhado de minha
família. Como já se tornou evidente em minhas palavras, perdi todas as coisas,
porque perdi a alegria – esse elã vital – em exercer, prontamente, minhas
autênticas inclinações e convicções pastorais. Mas vou recuperá-la, brevemente.
Mesmo
assim, quero deixar claro que deixo de ser pastor da igreja metodista no Brasil,
mas não deixo de ser um pastor metodista!
Nãos!
E para os incautos, um ditoso
aviso: coisa alguma me desabona no campo da moral. Não estou em pecado. Não
roubo. Não adultero. Não sou relapso com a obra. Não prego mal e sem
fundamentos bíblicos. Não organizo o culto nas coxas. Não sou um teólogo fraco.
Não ministro equivocadamente os sacramentos. Não maltrato as pessoas. Não sou
preguiçoso. Não sou maledicente. Não tenho medo. Não recuo diante dos desafios
que valem à pena. Não me considero
melhor e nem pior do que qualquer pessoa. Sou, sim, tomado continuamente por um
angustiante sentimento de inadequação e de desencantamento para com a igreja
metodista.
Essas deformações que se
instalaram em minha alma me fazem desistir do ministério na igreja metodista no
Brasil, mas não do ministério pastoral para o qual Deus me chamou.
Entrega
das credenciais
Ao longo dos últimos nove anos,
fui convidado a entregar minhas credenciais. Diziam: “Se não está satisfeito,
então sai! Pois a igreja metodista agora é assim!” Muitos, inclusive, torceram
para eu entregar as credenciais. Demorei a tomar essa decisão, pois para mim,
entregar uma credencial é mero ato institucional e sem valor espiritual. Mesmo
porque o meu ministério pastoral pessoa
alguma pode tirar! Além do mais, por causa da igreja metodista em Bela
Aurora, segurei a entrega até onde pude! Hoje, continuo submisso a Deus e ao
chamado que Ele me fez. Hoje, quero tão somente a possibilidade de exercer meu
ministério. Hoje, almejo a oportunidade de expressar a minha fé em consonância
com outros, visando o bem estar comum e integral. Hoje, não quero mais
continuar nesta igreja metodista, pois seus mandos e desmandos atuais
provocam-me náuseas. Não existem mais as construções no campo conciliar,
somente a imposição de visões inconsistentes. Sempre me preparei para
assessorar a medida do possível as instâncias da igreja, visando a sua maior
aproximação à dinâmica do Reino de Deus. Acontece que, por uma razão óbvia,
elencada em várias frases neste texto, minhas emoções foram determinantemente
afetadas e me fizeram uma pessoa triste. Mas eu não sou assim!
Sendo assim, entreguei as minhas credenciais à igreja metodista no Brasil. Para
os que torceram por isso, dedico minhas credenciais. Tomem-na nas mãos e
celebrem os despojos como bem pretenderem.
Palavras
finais
Uma pergunta agora se faz
necessária. Quais coisas ficam para mim?
Ficam para mim, tão somente, as
pessoas queridas que tornaram minha caminhada menos áspera, as boas memórias e
os rastros de coisas boas realizadas ao longo dos últimos anos.
Peço perdão aos que se
decepcionaram com a minha decisão. Peço perdão aos que ficaram chateados. Mas
que todos saibam que eu tentei permanecer. Foi-me impossível, por causa das
afrontas que sofri a ainda sofro por parte de gente que nunca conversou comigo.
Portanto, já desligado oficialmente
da igreja metodista no Brasil, lanço-me às proposições que o mundo me
apresentar.
Não citarei nomes aqui, mesmo
porque aos amigos eu já confidenciei todos os meus sentimentos. Saio com a benção de gente que gosta de
mim. Saio com a benção de quem conhece a minha vida. Saio com a benção de gente
que eu respeito profundamente.
No mais, só posso agradecer o que
se passou, lamentar profundamente o caminho proposto para a igreja metodista na
atualidade, e confiar na trajetória que em algum momento, se abrirá para mim,
ou não.
Kírie Eleyson.
Moisés Abdon Coppe
Ex-pastor da igreja metodista no Brasil
quinta-feira, 26 de março de 2015
quarta-feira, 11 de março de 2015
Vou num vôo & Virando as páginas
Sim! Eu vou!
Vou porque preciso ir.
Vou porque me sinto mais livre assim.
Vou porque meu vôo é dos pássaros que nunca experimentaram a gaiola.
Vôo pra tornar distante os que almejam
Desestabilizar o canto do encanto.
Sim, vou num vôo pra qualquer canto.
Virar algumas páginas é difícil.
O livro está velho,
As páginas amareladas e frágeis,
Um odor fétido e irritante sobe às narinas.
Brotam os espirros.
Mas é preciso virar as páginas,
Há o risco em se rasgar cada uma delas...
Mas é preciso virá-las,
Nem que para isso, a página seja arrancada
Sei, o livro ficará mutilado,
Às vezes, é preciso transgredir...
Vou porque preciso ir.
Vou porque me sinto mais livre assim.
Vou porque meu vôo é dos pássaros que nunca experimentaram a gaiola.
Vôo pra tornar distante os que almejam
Desestabilizar o canto do encanto.
Sim, vou num vôo pra qualquer canto.
Virar algumas páginas é difícil.
O livro está velho,
As páginas amareladas e frágeis,
Um odor fétido e irritante sobe às narinas.
Brotam os espirros.
Mas é preciso virar as páginas,
Há o risco em se rasgar cada uma delas...
Mas é preciso virá-las,
Nem que para isso, a página seja arrancada
Sei, o livro ficará mutilado,
Às vezes, é preciso transgredir...
quinta-feira, 5 de março de 2015
quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015
Do recomeço
A
vida da gente é feita de recomeços. Hoje, recomeço minha jornada,
principalmente salvaguardando minhas emoções e espiritualidade. Preciso dessa
salvaguarda, pois sou homem passional e envolvo-me rapidamente com as inerentes
paixões das pessoas, inclusive sendo empático.
Por
causa desse nível de envolvimento, e de intimidade também, tudo fica muito
exposto e a exposição nem sempre é vantajosa. Há uma linha tênue entre a
pessoalidade de cada um e as situações externas. Na passagem dessa linha, entre
os abscônditos da intimidade de pessoa qualquer e a realidade nos campos das
relações interpessoais, tudo se torna muito frágil e volátil, inclusive
favorecendo os acidentes de percurso.
Grande
parte destes acidentes refere-se ao mau entendimento do que foi discutido num foro
íntimo. Aliás, o problema mais complexo refere-se à dúbia interpretação, que,
como nau sem bússola, perde referências e se lança a sabor das correntes
marítimas. É muito duro quando as interpretações ocorrem num terreno sem
limites. O pior é quando tais interpretações ganham a alcunha de fatos, mesmo
tendo sido sugeridas no campo das conversas informais. Quando isso ocorre, as
angústias decorrentes da não possibilidade de defesa são evidentes; com o leite
derramado, o caminho é, tão somente, juntar o balde, pegar o rodo e espraiar o
pano de chão, com a finalidade de operar a limpeza, se possível. Doutra forma,
somente o tempo poderá elaborar a cicatriz.
De
minha parte, recolho-me ao profundo de minha alma com a finalidade de avaliar a
vida e recomeçar com outros princípios. Nunca é tarde para um recomeço. E,
dessa vez, prometo não me expor e não expor quem quer que seja, pois, ao final
das contas, as pessoas ficam chateadas e se distanciam.
Sim,
é preciso salvaguardar as emoções e a espiritualidade. É preciso, igualmente,
seguir alguns conselhos clássicos de nossa cultura popular. Aprendi com meu pai
um adágio que assim dizia: “Coração dos outros é terra que ninguém pisa”. Acho que
esse dito tem sua parcela de verdade. Então, pra quê andar no terreno alheio se
já tenho o meu próprio terreno para explorar?
Em
dias sombrios, quando a relação claro-escuro não está definida e tudo se faz e
se refaz e tons de cinza, o melhor é o recolhimento na dimensão do silêncio.
Silenciar a alma e a inquietação para experimentar a quietude; se desfazendo
para se refazer.
Não
quero mais saber da vida das pessoas.
Não
quero mais entender o porquê de tantas agonias e angústias.
Não
quero mais me morder, sentindo a dor do outro.
Sigo,
enfim, um aforismo de Guimarães Rosa: “O correr da vida embrulha tudo. A vida é
assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O
que ela quer da gente é coragem”.
Viver
exige coragem, inclusive para recomeçar, já que tudo esquenta e esfria. Com
coragem, quero ao fim do dia, sentar-me em um monte qualquer para contemplar o
crepúsculo, mesmo nas tardes de chuva fria e fina; mesmo quando o arco-íris for
apenas uma tênue imagem; mesmo quando o sol não irradiar sua luz e brilho
intensos. Faço minhas as palavras do velho livro de intensa sabedoria; “Esqueço
o que fica para trás, avanço em direção ao alvo da soberana vocação”.
Sim,
vou viver a vida, sempre me refazendo... sempre recomeçando...
segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015
Hipocrisia
Coisa triste é a hipocrisia. Ora, esta palavra significa fingimento,
falsidade, sentimentos, crenças e virtudes que na verdade, a pessoa não possui.
Hipocrisia tem a sua origem na tragédia grega, sempre teatral. O hipócrita é o
que oculta a sua face usando uma máscara.
Tudo bem, me diriam os céticos, toda a sociedade é hipócrita,
pois depende dessa dimensão para a própria sobrevivência. Não nego isso, mas o
esforço pela melhor e mais transparente convivência entre as pessoas não pode
ser ofuscado por gente que se acha superior às outras, fingindo comportamentos.
Em várias passagens do Evangelho, os hipócritas são
denunciados por Jesus. O interessante é notar que os hipócritas não eram os
pecadores, mas os religiosos que insistiam em parecer ser o que não eram. Veja,
por exemplo, Marcos 7.6: “Bem profetizou Isaías acerca de vocês, hipócritas;
como está escrito: Este povo me honra com os lábios, mas o seu coração está
longe de mim”. Ou ainda, Mateus 6.5: “E quando vocês orarem, não sejam como os
hipócritas. Eles gostam de ficar orando em pé nas sinagogas e nas esquinas, a
fim de serem vistos pelos outros. Eu asseguro que eles já receberam a
recompensa”. E, enfim, 1 João 4.20: “Se alguém disser que ama a Deus, mas odiar
o seu irmão, é mentiroso, pois quem não ama seu irmão a quem vê, não pode amar
a Deus, a quem não vê”.
Bem, acho que esses versos bastam para mostrar claramente
como Jesus tinha (e tem) verdadeiro asco de gente hipócrita.
Enfim, que diante dos nossos mais específicos
relacionamentos, tenhamos a coragem e a autenticidade de fazer diferença,
vivendo da melhor maneira possível, com dignidade e tolerância. O Senhor com a
gente.
segunda-feira, 28 de julho de 2014
A Partida de Rubem Alves: poeta, guerreiro, profeta
Texto do amigo Zwínglio Mota Dias que eu partilho com vocês:
A partida de Rubem Alves: poeta, guerreiro, profeta
“Mortais, mas eternos somos:
eternos em alma,
eternos em gosto,
em mistérios eternos,
eternos sonoros,
eternos, eternos,
--mortais e eternos já somos...”
(C. Meireles)
O Brasil está de luto... O movimento ecumênico, nacional e internacional, está de luto... Os trabalhadores da educação estão de luto... Os amantes da literatura estão de luto...Nós em KOINONIA Presença Ecumênica e Serviço estamos de luto... É que faleceu sábado passado, dia 19 de julho, na cidade de Campinas, onde residia, nosso amigo, companheiro e irmão, o teólogo, filósofo, psicanalista, educador, poeta e cronista Rubem Alves, depois de um longo e sofrido período de enfermidades.Depois de oitenta anos bem vividos e com o corpo enfraquecido por crescentes disfunções orgânicas, Rubem partiu para a eternidade legando-nos uma obra imensa de escritor prolixo voltado para os grandes temas da vida, tratados sempre com leveza, simplicidade e fino humor.Personalidade ímpar, sabia conjugar com maestria seriedade e sonhos, responsabilidade política e poesia. Sempre com um largo sorriso a lhe iluminar o rosto e um profundo sentimento de dever com relação as suas tarefas de intelectual comprometido com as grandes causas da humanidade, Rubem deixou suas inconfundíveis marcas na construção e consolidação do movimento ecumênico na América Latina e contribuiu de forma criativa e original para o estabelecimento de um novo paradigma teológico no continente que até hoje baliza os esforços de renovação e recriação da comunidade cristã por toda parte. “Para uma teologia da libertação” foi o título que escolheu para a sua tese doutoral, em 1969, na Universidade de Princeton nos Estados Unidos que, quando publicada, ganhou outra denominação. Assim ele se inscreve como um dos “pais” de uma nova forma de se fazer teologia que, desde então, vem agitando os ambientes eclesiásticos, especialmente na América Latina.Um “protestante obstinado” como se declarou uma vez, Rubem foi, na verdade, um “atravessador de fronteiras”, inconformado sempre com as limitações que encontrava nos vários campos do saber a que se dedicava. Ao descobrir-se poeta e contador de histórias, abandonou os pressupostos formais da teologia para dedicar-se ao que chamou de teopoética que passou então, a expressar nas centenas de contos, poemas e crônicas reunidas em seus mais de 160 títulos publicados. Dedicou-se profundamente aos temas da educação tornando-se um dos mais originais pensadores dessa área a partir de suas práticas e reflexões como professor da Universidade Estadual de Campinas.Homem sensível, rigoroso consigo mesmo e com todos e todas que faziam parte de sua existência, Rubem acaba de encerrar seus dias entre nós. Mas, a ser verdade o que proclama o também mineiro Guimarães Rosa, o Rubem, na verdade, não morreu... apenas encantou-se, para continuar, de um outro jeito, presente em nossas vidas. Nosso companheiro de sonhos e utopias, dores e lutas, mas também de momentos alegres e festivos, ausenta-se agora, apenas fisicamente, para ressuscitar em nossa memória, com o testemunho de sua vida para nos instigar a seguir em frente na luta incansável de plantar sinais, por menores e insignificantes que possam parecer, de um mundo outro que ele sempre perseguiu, marcado pelo amor, a justiça e pela paz.Certa vez, acompanhando-o nos funerais de um amigo comum, pude ouvi-lo comparar a vida a uma peça musical. Por mais bela e tocante que venha a ser, dizia ele, a música precisa, em algum momento,ser interrompida para não perder seu encantamento, seu frescor, sua capacidade de nos comover. Entendamos, pois, que a melodia da vida de Rubem Alves acaba de ser interrompida para que possamos ouvi-la de novo, na leitura de seus muitos textos e poemas, sempre que quisermos e ela possa, outra vez, nos sensibilizar, nos fazer sorrir, nos ajudar a corrigir nossos passos, nos enlevar e nos alertar para os perigos tantos que nos rodeiam...Ao término dos últimos acordes da música que foi sua vida, embora tristes por sua ausência física, nos alegramos por sua “coragem de ser” o que foi e a incorporamos, ainda mais, em nossa vivência, na esperança de que os seus sonhos e a sua ousadia continuem em nossos gestos de amor e solidariedade. Que o Mistério profundo que a todos e todas nos envolve o receba em seu esplendor vital e que todos nós possamos ser consolados pela lembrança de seus sorrisos e recolher as lições de sua vida.Não tendo palavras próprias de poeta capazes de expressar de forma bela e certeira os sentimentos que povoam as vidas de todos e todas que conviveram com Rubem, tomo emprestado as lindas palavras do poema daquela que foi uma de suas poetas preferidas, Adélia Prado:“De um único modo se pode dizer a alguém:
‘não esqueço você’.
A corda do violoncelo fica vibrando sozinha
sob um arco invisível
e os pecados desaparecem como ratos flagrados.
Meu coração causa pasmo por que bate
e tem sangue nele e vai parar um dia
e vira um tambor patético
se falas ao meu ouvido:
‘não esqueço você’.
Manchas de luz na parede
uma jarra pequena
com três rosas de plástico.
Tudo no mundo é perfeito
e a morte é amor.”
KOINONIA Presença Ecumênica e Serviço, para quem Rubem sempre foi uma referência, registra com pesar e tristeza seu “encantamento” desta vida, porém, nela inspirada, espera que os gestos claros e corajosos de seu compromisso com a dignidade e beleza da vida de todos e todas continuem a reverberar nas novas trilhas do movimento ecumênico e nas lutas pelos direitos de todos e todas no continente.Deixamos nosso abraço fraterno e solidário para Lidia, Sérgio, Marcos, Raquel, sua esposa, filhos e filha, e demais familiares.Autor: Zwinglio Dias Data: 21/7/2014
quarta-feira, 16 de julho de 2014
Dissertação de mestrado
Pra quem curte um texto acadêmico, segue o link para a minha dissertação de mestrado cujo título é: A RESPONSABILIDADE SÓCIOPOLITICA DOS CRISTÃOS - História e memória da União Cristã dos Estudantes do Brasil - UCEB.
http://www.livrosgratis.com.br/arquivos_livros/cp141200.pdf
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