O que é o amor? Me fizeram essa pergunta! E eu não tinha nenhuma resposta pronta. Ao contrário, fiquei confuso com a questão e me pus a refletir sobre o significado dessa expressão que abarca diversos sentimentos e reações físicas no corpo. Li e reli diversos poemas. Me percebi envolto pelas tramas e romances diversos que me trouxeram emoções. Ouvi e cantei músicas. A somatória de todas essas expressões era ainda, para mim, uma gota d’água no meio do oceano...
quinta-feira, 20 de setembro de 2012
Digo Não ao Coco de Cachorro na Rua
Na terça-feira do dia 18 de setembro de 2012, eu fui ao supermercado próximo à minha casa, com o intuito de comprar alguns itens para a composição do almoço familiar.
Resolvi ir à pé para aproveitar os primeiros raios de sol da manhã. Ao sair do portão da minha casa, localizada no bairro Cascatinha, na cidade de Juiz de Fora – MG, fiquei estupefato com o que vi: uma quantidade imensa de cocos de cachorros.
Rapidamente, tive que abandonar o calçamento para dividir espaço com os veículos. Foi-me impossível manter minhas caminhada da forma como queria. Me desviei e comecei a contar os “montes”. Cheguei à soma de vinte e dois, e desisti. Confesso aos leitores que aquilo me tomou de ira. Algumas perguntas vieram à minha cuca: Será que estes cachorros não têm donos? Será que a Prefeitura da cidade instituiu que agora é lícito transformar as ruas e calçamentos destinados a pedestres em banheiros para cachorros? Os donos desses cachorros não tinham mãos para carregarem sacolinhas plásticas? Eram deficientes? E com essas perguntas circulantes em minha cabeça, passei a ficar enojado com essa trite e vergonhosa realidade.
Os que me conhecem de perto sabem que não sou muito fã de cuidar de animais. Minha criação como pessoa não me permitiu esse relacionamento, que até admiro, entre as pessoas e seus bichinhos. Admiro demais as pessoas que gastam seu dinheiro no cuidado com os animais. Não à toa, o mercado de Pet Shop’s e as clínicas veterinárias estão entre os centros que mais crescem na atualidade.
Segundo dados da Revista Veterinária, o número de estabelecimentos como os citados cresceu de forma contundente. Segundo fontes do Sebrae:
“O mercado brasileiro de pets movimentou R$ 11 bilhões em 2010. Deste total, 66% correspondem à venda de comida para animais de estimação e 20% a serviços do setor. Este mercado realmente é promissor. Mundialmente, o setor faturou US$ 76 bilhões em 2010. Os dados são da Associação Nacional de Fabricantes de Produtos para Animais de Estimação (Anfalpet). Em artigo, Marcos Gouvêa de Souza, diretor geral da GS&MD – Gouvêa de Souza avalia as boas perspectivas para o segmento de pet shops no Brasil. O segmento teve um faturamento aproximado, na ponta do varejo, superior a R$ 11,3 bilhões, com um crescimento real de 4,5% em 2011. Em 2010 esse mercado cresceu 8,5% em relação ao ano anterior de 2009 e tudo indica que deverá continuar a se expandir em percentual superior ao crescimento do PIB nos próximos anos. Estima-se em 25 mil o número de pet shops no país. Hoje a tendência do mercado de Pet shops inova com produtos diferenciados, como esmaltes e refrigerantes, salões de beleza para animais, novos tipos de banhos, tosas e secagem de pêlos, com produtos importados de alto nível e serviços de entrega. No quesito luxo, o mercado pet do Brasil também tem muito a crescer. Uma pesquisa realizada pelo portal WebLuxo revela que apenas 5,5% do mercado brasileiro é composto por produtos mais caros. Os mais vendidos são coleiras, roupas, bebedouros e casinhas. Os estabelecimentos faturam até R$ 200 mil por mês. O Brasil tem hoje o segundo maior mercado pet do mundo, perdendo apenas para os Estados Unidos. Segundo dados da (Anfalpet), o Brasil tem estrutura e capacidade de produção para ser também o segundo maior exportador de artigos do segmento, com US$ 4 bilhões ao ano. O Brasil tem 98 milhões de animais de estimação. Segundo Antônio Braz, analista do IBGE o peso dos gastos com animais de estimação representa percentual de 0,7% no orçamento. Por isso, é bom ficar ligado nas tendências de produtos e serviços e nas regras básicas de manutenção de uma loja pet shop ou uma clínica veterinária”.
De fato, criar bichinhos como gente é um bom negócio.
Mas eu descobri que não estou sozinho nessa luta contra cocos de cachorros. Uma senhora, moradora de Copacabana, no Rio de Janeiro, espalhou um vidro de pimenta na calçada para espantar os cachorros. Segundo ela, “funciona que é uma beleza”. (Folha On Line, 15/09/2008). Ou ainda o caso de Cláudio Althierry que plantou bandeirinhas indicando a falta de educação dos cariocas e seus cachorrinhos no bairro do Flamengo – RJ.
Não, não, senhores e senhoras, não sou contra a criação amorosa e o cuidado com os bichinhos. Sou contra o descaso das pessoas com seus animais quando dos passeios matinais, vespertinos e até noturnos. Repito: sou contra o descaso das pessoas que não recolhem os excrementos dos seus bichinhos, antes, deixando-os para deleite sensitivo dos cidadãos em geral.
Sendo assim, acho que o cuidado, a atenção e o asseio com os passeios dos bichinhos deve ser assegurado pelo dono ou dona do animal.
Eu não quero mais andar pelas ruas do bairro onde moro a mais de 10 anos tendo que me desviar da cáca dos cachorros. Eu quero ver cachorros e seus donos andarem livremente e alegremente com seus bichinhos, numa espécie de desfile da modernidade subjetiva, entretanto com educação, responsabilidade e, pelo menos, singelos gestos de cidadania.
Bato palmas quando vejo donos ou donas responsáveis que recolhem o coco dos seus cahorrinhos. A bem da verdade, dá vontade de cumprimentar tal pessoa e ovacioná-la com força tal que todos os demais moradores venham a escutar.
Então, vamos combinar uma coisa: que todas as pessoas de bem continuem a passear com seus cachorrinhos, mas que, com o mesmo cuidado dispensado com a caminhada, recolham o coco do animal. Ele não pode fazer isso sozinho. É você, pessoa humana, que possui polegar opositor, diferentemente de todos os demais animais. Assim, todos nós continuaremos a ter nossa caminhada normalizada, livre de visões detestáveis, cheiros repugnantes e, principalmente, daquela cáca alheia, ainda fresca, agarrada no solado do tênis branco. Fica o apelo!
segunda-feira, 3 de setembro de 2012
Estou Casado! E agora?
Estas três coisas me maravilham; e quatro há que não conheço:
O caminho da águia no ar; o caminho da cobra na penha;
O caminho do navio no meio do mar;
E o caminho do homem com uma mulher.
Provérbios 30.18-19
Um dos grandes desafios para as pessoas que optam pelo matrimônio é a dinâmica da vida a dois. De fato, existem muitos dilemas e conflitos quando duas culturas e espiritualidades distintas, oriundas de processos educacionais diferentes, se conjugam num espaço que recebe a alcunha de lar.
Comparo a vida a dois como abrir uma picada na mata densa e desconhecida. E o que se tem à mão é, tão somente, um facão amolado para criar a trilha. Anteriormente a nós, outros casais abriram suas respectivas trilhas, mas a experiência de um não pode ser repetida por outro. Sendo assim, cada casal tem que se aventurar em sua própria trilha.
Eu que estou casado há 22 anos percebo que em alguns momentos eu e minha mulher nos cansamos, exaustos, de tanto gravitar o facão em busca de melhores trajetos. Então, paramos para descansar em clareiras, para depois nos lançarmos, novamente, ao árduo movimento na mata fechada. E o pior é que nunca chegamos ao destino final, porque não há destino final. O casamento, então, é uma espécie de labirinto onde duas pessoas precisam aprender a viver bem sem a cobrança por uma felicidade final, pronta e acabada.
Nessa mata fechada labiríntica, surgem-nos duas opções mais emblemáticas: a primeira refere-se a viver a referida aventura sem o contentamento necessário e fundamental para o ser humano. Para os que optam por esse caminho, fica somente o cheiro da desilusão e da conformação. A segunda opção abraça o divertimento e procura o contentamento, independente dos resultados finais. Ora, esta opção nos dá a possibilidade de melhor nos harmonizarmos na vida e com a pessoa que escolhemos caminhar conjuntamente. Quando se perde esse desejo pelo produto final ou pela plena realização de um sonho, acredito, fica mais fácil viver a jornada a dois.
Nesse sentido, o texto bíblico que apontamos para a nossa reflexão nos dá um parecer interessante sobre a pergunta que dá título à nossa mensagem. Ora, o texto em questão demonstra a dificuldade do caminho de um homem com a donzela, no caso, sua mulher. O autor do livro de Provérbios apresenta-nos quatro coisas que são complexas demais para ele. Em sua referência, o primeiro é o caminho da águia no céu; o segundo é o caminho da serpente na pedra; o terceiro é o caminho do navio no mar e o quarto é o caminho do homem com a mulher. A princípio, podemos dizer que o autor busca o sentido das coisas e as razões pelas quais essas dinâmicas se dão tal como se dão. Assim, ele se assusta quando percebe que não há uma resposta clara e evidente. Seu susto é, também, o nosso susto. Sendo assim, fica claro para todos nós que no que se refere a casamento, o caminho a ser trilhado e a própria busca de sentido em sua estrutura é experiência particular onde não existem mapas, tampouco receitas acabadas.
Por isso, digo a você, distinto casal, que a aventura que hora vocês abraçam é única e marcada pela sensação de que não existe outra experiência igual em todo o planeta terra. Desta forma, vocês devem se apropriar da experiência conjugal de vocês como sendo a mais especial porque é única.
Então, já que não temos a possibilidade de um final feliz, como já pontuei anteriormente, torna-se fundamental que em meio às tensões inerentes ao casamento, vocês tenham oportunidade de se divertir. Acho que este é um bom caminho para a dinâmica de vida a dois.
Talvez, com o intuito de melhorar essa brincadeira, Mario Quintana, poeta brasileiro, escreveu certa feita uns versos interessantes que deveriam compor o momento de votos de todas as celebrações de matrimônio vigentes. Digo isso porque na dinâmica do relacionamento conjugal deve existir divertimento, e esse divertimento tem que estar de mãos dadas com a liberdade. Sem liberdade, nenhuma estrutura consegue resistir, inclusive o casamento. Vamos, pois, às suas sugestões poéticas:
1. Promete não deixar a paixão fazer de você uma pessoa controladora, e sim respeitar a individualidade do seu amado, lembrando sempre que ele não pertence a você e que está ao seu lado por livre e espontânea vontade?
2. Promete saber ser amiga(o) e ser amante, sabendo exatamente quando devem entrar em cena uma e outra, sem que isso lhe transforme numa pessoa de dupla identidade ou numa pessoa menos romântica?
3. Promete fazer da passagem dos anos uma via de amadurecimento e não uma via de cobranças por sonhos idealizados que não chegaram a se concretizar?
4. Promete sentir prazer de estar com a pessoa que você escolheu e ser feliz ao lado dela pelo simples fato de ela ser a pessoa que melhor conhece você e, portanto, a mais bem preparada para lhe ajudar, assim como você a ela?
5. Promete se deixar conhecer?
6. Promete que seguirá sendo uma pessoa gentil, carinhosa e educada, que não usará a rotina como desculpa para sua falta de humor?
7. Promete que fará sexo sem pudores, que fará filhos por amor e por vontade, e não porque é o que esperam de você, e que os educará para serem independentes e bem informados sobre a realidade que os aguarda?
8. Promete que não falará mal da pessoa com quem casou só para arrancar risadas dos outros?
9. Promete que a palavra liberdade seguirá tendo a mesma importância que sempre teve na sua vida, que você saberá responsabilizar-se por si mesmo sem ficar escravizado pelo outro e que saberá lidar com sua própria solidão, que casamento algum elimina?
10. Promete que será tão você mesmo quanto era minutos antes de entrar na igreja?
Sendo assim, declaro-os muito mais que marido e mulher. Declaro-os maduros.
Enfim, seja realmente esta a demanda de vocês que agora estão casados. E se em algum momento a pergunta “e agora?” surgir nos entroncamentos relacionais, saiba que não existe nada melhor do que um dia após o outro. Nada melhor do que uma noite após a outra. Nada melhor do que um beijo após o outro. Nada melhor do que não ter compromisso com a felicidade – aliada ao contentamento – de querer que o outro seja livre para ser o que é no entrelaçamento do amor. Acho isso fundamental.
sexta-feira, 27 de julho de 2012
A Importância do Perdão
A vida cristã possui suas peculiaridades e desafios. Um dos maiores refere-se ao ato de dar e receber perdão.
Quando avaliamos os textos sagrados, chegamos à nítida conclusão que a maioria das referências tem a ver com a questão do perdão. O simples aspecto basilar que concerne à conversão nasce, necessariamente, da atitude graciosa e perdoadora de Deus para conosco. Deus é, indubitavelmente, um Deus que perdoa e esquece.
Ora, o perdão de Deus para conosco é fruto da graça maravilhosa que acolhe e abraça todo o nosso planeta. Deus não nos vê a partir dos nossos delitos e pecados. Ele nos percebe a partir de Cristo. Então, é por intermédio de Jesus Cristo que o perdão de Deus nos chega maviosamente.
Entretanto, para que Deus nos veja em Jesus, torna-se necessário também o auto reconhecimento de nossa realidade de vida. Se me enxergo a partir do prisma da humildade e me reconheço tal como sou, então posso olhar para Cristo e percebê-lo superior a mim mesmo. Dessa forma, destaco minha total e irrestrita dependência dele e me lanço à sua misericórdia. Somente com essa atitude de entrega total é que posso entender as minhas carências, e assim, consequentemente, afirmar que não sou em coisa alguma, superior aos outros. Aliás, a Bíblia deflagra que temos que considerar os outros superiores a nós mesmos.
Segundo Thomas à Kempis, um místico do século XV que muito influenciou a vida piedosa de John Wesley, “você precisa aprender a quebrar seu próprio eu em muitas coisas, se quer ter paz e concórdia com outros (Gl 6.1). Não é fácil residir em comunidades religiosas ou em uma congregação, conversar ali sem reclamação e perseverar ali fielmente, até a morte (Lc 16.10). Bem-aventurado é aquele que já viveu bem lá, e terminou bem”. (KEMPIS, A Imitação de Cristo, p. 36). Ora, o que Kempis evidencia é que não é fácil ter paz e concórdia com todas as pessoas, mas é preciso terminar bem essa jornada espiritual. Daí, podemos considerar que é nas discórdias e inquietações relacionais que surgem as más resoluções do amor, gerando a ansiedade, o ressentimento, o rancor e finalmente o ódio. Todos esses elementos obstruem, de forma evidente, a ação do perdão na zona das emoções humanas.
É preciso evidenciar que no que se refere ao perdão, não temos opções. É, entre outras, uma esfera da vida espiritual que necessita de radicalidade. O evangelho de Mateus apresenta-nos a oração do Pai Nosso e sua ênfase na expressão: “Perdoa as nossas dívidas assim como perdoamos aos nossos devedores”. Essa parte da oração é tão importante que mereceu um comentário do evangelista. E Mateus corrobora: “Se vós não perdoardes aos homens os seus pecados, tampouco vosso Pai celeste perdoará os vossos pecados”. Mt 6. 15.
Portanto, é preciso considerar que o grande “nó” da vida cristã está justamente na perspectiva do dar e receber perdão. Somos desafiados a essa ação de forma tal a provocarmos liberdade. Não há dúvida de que dar ou receber perdão não é tarefa fácil. É por isso que, diante desse desafio, precisamos contar com a ajuda de Jesus. Diante do grau de dificuldade para dar e receber perdão, somente Jesus pode provocar a reconciliação, e isso por intermédio da Graça de Deus.
quinta-feira, 7 de junho de 2012
Uma Reflexão sobre a Morte

terça-feira, 24 de abril de 2012
Estou com uma Doença...
Estou com uma doença esquisita. É uma doença que está me deixando muito mal, afetando inicialmente, todos os meus 206 ossos e os meus 640 músculos, inclusive a estrela entre eles, o coração. Na verdade, descobri que essa doença está me provocando uma fobia, melhor dizendo, uma aversão à instituição e seu respectivo institucionalismo, aumentando meus batimentos cardíacos e fazendo meu sangue correr em todos os 96.560 km dos meus vasos sanguíneos. Aliás, essa fobia tem me provocado náuseas, principalmente quando me deparo com a esfera do poder, com gente que só quer saber de mandar em gente. Também tem me provocado ânsias quando visualizo, mesmo que sucintamente, qualquer ato ditatorial da parte daqueles que existem para servir. Tenho dores infernais na cabeça, principalmente quando leio artigos e documentos que estão longínquos da essência do Evangelho sinalizado por Jesus Cristo. Vejo múltiplas manchas vermelhas no meu corpo quando percebo o espírito de dominação, traduzido pela metáfora da visão ou da profecia, nos discursos e “pregações”. Triste saber de gente que usa a fé alheia para satisfazer seus desejos e viajarem a custa dos outros. Surgem-me calafrios quando contato a veracidade destes pares que buscam essa estirpe de espiritualidade idolátrica. Nessa percepção, minhas glândulas sudoríferas, localizadas na derme, produzem um suor salino e meus olhos ficam irritados, frente ao algo triste revelado, produzindo lágrimas que fluem para as narinas e provocam a vermelhidão. O choro se estrema e uma dor lancinante se instala no peito.
A pele é ferida, os capilares são rompidos, me deixando expostos a uma infecção. Meu sistema respiratório arfa por oxigênio. A respiração fica difícil, vírus invadem o meu corpo e busco remédios e vacinas. Pior são os calafrios que ocorrem, invariavelmente, quando constato também, o surgimento de campanhas de vitória e sucesso feitas em nome de Deus. Mas o que me mata mesmo é a taquicardia que altera toda a pressão arterial da alma provocando muitas inflamações no espírito.
Tais inflamações não permitem aproximações de quem quer que seja, fazendo-me recolher a um canto qualquer onde minha solidão seja elaborada e eu experimente a restauração misteriosa da graça. Alia-se a estas patologias citadas uma alergia aos títulos de toda e qualquer ordem – dos chamados “espirituais” aos acadêmicos.
Meu encéfalo – mais complexo do que qualquer computador que exista no mundo – controla o meu sistema nervoso. De todos os órgãos do corpo humano, este é o que é mais afetado pelo envelhecimento. Isso significa que no auge dos meus 41 anos, meu encéfalo já não é o mesmo de quando tinha 16. Não posso perder energia em bobagens, tais como estas citadas, com os meus 80,4 km de nervos do corpo. Assim, meus feixes de axônios e neurônios precisam liberar e transportar impulsos elétricos com coisas que valham à pena.
Fui ao médico e ele me receitou indiferença. E mais duas doses de “não esquenta a cabeça”.
Segui as orientações, mas não teve jeito. Resolvi apelar e visitar um curandeiro. Ele me deu algumas ervas pra fazer um chá de indignação. Deu-me também umas raízes, com as quais eu pude fazer uma pasta de rebeldia para passar na cabeça, o que de alguma forma me aliviou as dores cefálicas, entretanto a alma continua em agonia.
Não sei se há saídas para a minha doença. Acho que ela é incurável. Diante disso, me sobram duas perspectivas: resignar-me ou lutar contra a doença. Escolhi a segunda opção. Vou lutar contra essa doença, mesmo que ela me leve à morte. Vou lutar com todas as minhas forças contra essa invasão bárbara que não foi gerada por mim, mas que me atinge profundamente e silenciosamente como uma metástase.
Já estive no CTI, passei pela enfermaria e agora caminho trôpego com muletas emprestadas por amigos que não me desamparam nunca: o paulistano do trem, o crente do “pii” quente, o alienígena e o quixotesco dos livros.
Moribundo, espiritualmente, só me resta a esperança...
terça-feira, 17 de abril de 2012
O Sol Brilha Diferente
Quando as coisas não vão bem com a gente, o sol brilha diferente.
Se ao contrário, tudo está em ordem, o sol brilha diferente.
Quando os amigos se afastam e os bons risos cessam, o sol brilha diferente.
Se surgem novas amizades e a sinceridade irradia nos olhares, o sol brilha diferente.
Quando a enfermidade e a doença se instalam em nosso corpo, o sol brilha diferente.
Se ficamos sãos e nos lançamos novamente a todas as nossas atividades sem limitações, o sol brilha diferente.
Quando as questões familiares não têm uma boa resolução em nossos lares, o sol brilha diferente.
Se estamos em harmornia, casais conjugados e filhos em diálogo, o sol brilha diferente.
Quando a saudade se instala no profundo da alma, o sol brilha diferente.
Se nos reencontramos com a pessoa amada ou com o amigo distante, o sol brilha diferente.
Quando oramos, mas nos dispersamos em nossa oração por causa dos muitos problemas, o sol brilha diferente.
Se oramos, silenciando nosso ser para ouvir o grande Deus, o sol brilha diferente.
Quando querem transformar nossa espiritualidade em comércio, o sol brilha diferente.
Se nos aninhamos a uma vida espiritual cercada de realidade e esperança, o sol brilha diferente.
Quando somos banhados com a chuva da tempestade, o sol brilha diferente.
Se nos chega aos telhados a chuva fina que rega a terra, o sol brilha diferente.
Quando nos falta a fé para a jornada espiritual na dimensão do Reino de Deus, o sol brilha diferente.
Se o Reino de Deus é vivido por nós na dimensão plenificada da esperança, o sol brilha diferente.
Quando tomamos consciência de que Jesus morreu na cruz no calvário, o sol brilha diferente.
Se vamos ao túmulo e percebemos que ele não mais lá está, o sol brilha diferente.
Quando somos tomados pelo medo da morte ou pelos assaltos do pecado, o sol brilha diferente.
Se nos alimentamos da esperança da vida eterna, o sol brilha diferente.
De fato, o sol sempre brilha diferente?
Moisés Coppe
sexta-feira, 2 de março de 2012
Um Tributo ao Mestre Milton
Ao longo de toda a minha formação teológica, no chão da FATEO, lá pelos idos dos anos noventa, sempre nutri a imensa vontade de saborear as aulas ministradas pelo professor Milton Schwantes. Claro, recebi os conhecimentos em Antigo Testamento de um dos seus mais dedicados discípulos – o Tércio Machado Siqueira. E este mesmo, com seu peculiar jeito mineiro, sempre se referia ao Milton com brilho nos olhos, o que aguçava ainda mais a minha vontade para descobrir as novas hermenêuticas do sereno gaúcho de Carazinho.
Lembro-me de uma aula dada por ele em nossa sala de aula, somente uma, ainda nos tempos da graduação. E nós, alunos da Teologia, queríamos impressionar o mestre quanto aos nossos conhecimentos em relação às teorias Javista, Sacerdotal e Eloísta. Então, pipocávamos em diversas direções com uma série de informações sobre a teoria das fontes, de acordo com a abordagem latino-americana de Schwantes. Depois de nos ouvir atentamente, com os olhos espremidos, brilho nas bochechas e um largo sorriso na face, ele humildemente nos disse: “Sabe gente, não liguem pra essas bobagens que eu escrevi anteriormente. As coisas evoluem e as novas abordagens aí estão para nos redescobrirmos o Antigo Testamento”. E começou a apresentar as múltiplas tradições dos povos bíblicos que teceram a Bíblia.
Nos últimos dois anos – 2010 e 2011, enfim, tive a oportunidade de estudar por três períodos com o professor Milton Schwantes. Já agora, nos estudos de doutorado, confirmei a sapiência lúcida do mestre. Poucas vezes, tive a oportunidade de ouvir uma abordagem tão profunda e tão popular da Bíblia. Eu, que já estava a bons anos sem me aprofundar em exegese bíblica, me vi novamente em contato com o hebraico e todas as possibilidades da língua. Além disso, o tom lúdico das suas abordagens, aliada a uma preocupação sempre relevante em relação aos pobres dava às suas aulas um tom sapiencial-poético-profético.
Mas seu corpo não acompanhava mais sua mente.
Sua mente não acompanhava seu brilhantismo.
Seu brilhantismo era revestido de humildade.
Sua humildade era similar à de muitos profetas e poetas bíblicos.
Acho eu que por muitos anos, vamos falar de Milton. Vamos lembrar Milton. Vamos nos reportar ao Milton. Vamos beber em sua memória e contar casos, os mais diversos, como aquele que ele sempre contava do homem da mudança que estava com a “pressão baixa”.
Dizem que ele faleceu no dia de ontem, 01.03.12, mas eu acho que não. É somente mais uma treta bem elaborada deste que certamente ainda sorri valente frente aos desafios da existência.
Por fé, digo a você, estimado peregrino: a gente se esbarra por aí. Ontem, você se foi, mas acho que continuará por aqui, por muito tempo. Em nossos corações, em nossa memória, em nossa leitura da Bíblia, em nossa saudosa conversa despretensiosa.
Até mais ver. E se você perguntar sobre minha Juiz de Fora, mais uma vez, eu responderei: “Vai bem, obrigado! Esperando por você, mestre!”
terça-feira, 13 de dezembro de 2011
A Música "Palavra"
Eu tenho uma apreciação dantesca pela música Palavra de Irene Gomes. A singela letra dessa canção é poetizada da seguinte maneira:
Palavra não foi feita para dividir ninguém.
Palavra é a ponte onde o amor vai e vem.
Palavra não foi feita para dominar
Destino da palavra é dialogar.
Palavra não foi feita para opressão.
Destino da palavra é a união.
Palavra não foi feita para vaidade
Destino da palavra é a eternidade
Palavra não foi feita pra cair no chão.
Destino da palavra é o coração
Palavra não foi feita para semear
A dúvida a tristeza ou o mal estar
Destino da palavra é a construção
De um mundo mais feliz e mais irmão.
De fato, é através da palavra que temos a oportunidade de construir possibilidades outras. Isso ocorre porque há um há um poder nas palavras. E provo isso com uma ilustração: Minha filha não gosta de coco. Assim, ela evita todo e qualquer alimento que contenha coco. Em fins de setembro de 2011, ela comeu um bolo apelidado “formigueiro”, sem saber que tinha coco, sempre afirmando que o bolo estava uma delícia. Aí, ela resolveu ler na embalagem a composição alimentícia do bolo e descobriu que tinha coco. Pronto, o drama estava montado, porque agora, o bolo gostoso possuía um elemento que ela não aprecia. Então, ela começou a comer o bolo com certa suspeita. Mas o que realmente importou? Por certo, o poder da palavra coco. Foi a palavra que provocou nela um estranhamento. Aquilo que estava saboroso passou e ser suspeito.
É interessante notarmos como as palavras provocam em nós os mais diversos sentimentos e reações. Por isso, temos que ter um cuidado singular com a forma como conduzimos as palavras. Isso também é verdade quando analisamos a esferas dos relacionamentos. Ora, nessa esfera, se não temos coisa alguma de boa pra dizer para outrem, então é melhor não dizer nada. Aliás, nossa intencionalidade tem que ser sempre a voltada para a manifestação de palavras agradáveis às pessoas. Isso constroi a ponte onde o amor vai e vem.
No livro de Provérbios, há um verso que muito me agrada e que corrobora com nossa breve narrativa. Trata-se de Provérbios 16.24: “Palavras agradáveis são como favo de mel. Doces para a alma e medicina para o corpo”.
Há dois princípios interessantes nesse verso. O primeiro refere-se ao fato de que as palavras, como ditas, podem provocar a cura das emoções e a cura do físico numa dimensão holística. Em minha convicção, não se trata de mais um chavão evangélico, mas de um princípio que favorece a boa harmonização dos relacionamentos. Ora, se temos problemas na família e na igreja, um dos fatores fundamentais está relacionado ao fato de que usamos mal a palavra. Isso é muito verdadeiro, pois muitas vezes, mesmo sem saber, machucamos as pessoas com as palavras. Ora, todas as pessoas têm o direito de defenderem suas posturas e verdades, mas ao fazê-lo, devem se imbuir de uma atmosfera de boas resoluções relacionais, inscritas na esfera do shalom – paz, mesm na adversiadade. Pessoa alguma é obrigada a aceitar afrontas ou palavras deselegantes oriundas de quem quer que seja.
Por isso, a música de Irene e o verso bíblico ressaltado se tornam boas referência para todos nós. Entendemos da música e do verso que as palavras agradáveis são pontes onde o amor se desloca trazendo amenos sentimentos e cura emocional e física. Acho que é isso que deve estar na pauta das nossas conversas: bons sentimentos e desejo de cura para o outro. Fora isso, não tem sentido.
Então, cuidemos de nossas palavras, segundo a lógica: “destino da palavra é a construção de um mundo mais feliz e mais irmão.
quinta-feira, 24 de novembro de 2011
Sossego?
Na palma da mão desenho minha lida
Cutuco a ferida que um dia se fez;
E canto suave, um canto sincero
Arfando sentidos do que tanto espero
Ou mesmo a toada do que se desfez.
Colhendo as flores da mata sombria
Onde o olhar se esguia pra ver o que há
E aí se descobre na úmida alma
que nunca sossega ou se perde na calma
Que somente se vive do jeito que dá.
Moisés Coppe - 21.11.11
sábado, 22 de outubro de 2011
CIdadã Honorária???
Acompanhando nesta sexta-feira, 21/10/2011, os noticiários que veiculavam nas rádios difusoras, fiquei mais uma vez embasbacado. Pois é, o gabinete da presidência da Assembleia Legislativa de Minas foi tomado nessa última quinta-feira por um clima de micareta. Literalmente, “rolou a festa”. É que a cantora baiana Ivete Sangalo recebeu o título de cidadã honorária do estado de Minas Gerais.
O pedido foi requerido pelo deputado estadual Bruno Siqueira, que têm por principal colégio eleitoral – eleitoreiro? – a cidade de Juiz de Fora. Além do referido deputado, outros foram ao gabinete da presidência para, pelo menos, vislumbrarem de perto a beleza da cantora e constatar “o quê que a baiana tem”. Simpaticíssima, Ivete distribuiu beijos e autógrafos aos nobilíssimos homens do poder público, bem como a seus respectivos familiares. Imaginem vocês que o deputado Carlin Moura do PC do B postou em seu Twitter as imagens da, agora, honrada cidadã mineira. O deputado Adelmo Carneiro do PT discursou num tom de tietagem e assim, sucessivamente, outros deputados se desmancharam em elogios. E estavam presentes também os membros da Câmara Municipal, inclusive seu presidente Léo Burguês do PSDB. Mais uma vez, revelou-se a capacidade política de nossos governantes que insistem em manter a lógica romana bem sucedida de pão e circo.
A questão ressaltada pela maioria da casa tinha por tônus a ideia de que o título à cantora baiana pode fomentar mais ainda o turismo de Minas. Inclusive o próprio deputado Bruno Siqueira justificou o pedido nessa mesma linha de raciocínio, dizendo que a cantora divulga o estado e “ajuda” as economias das cidades, principalmente as pequenas. Em suas palavras: “Ivete esteve em Juiz de Fora, minha cidade natal, e mesmo sendo uma cidade de tamanho médio, foi grande a movimentação de pessoas, vindo de todas as regiões”. Preciso concordar com o Siqueira, pois realmente as nossas belezas naturais e culturais – rios, cachoeiras, lagos, serras, vales, montanhas, cidades históricas, cidades modernas, queijo, pão de queijo, culinária, brejeirices, músicas, músicos – deixam a desejar. É, realmente, precisamos da Ivete para alavancar o turismo. Assim, o pedido do deputado foi encaminhado pela Comissão de Cultura e sancionado pelo governador Anastasia.
Ora, prezados leitores, a minha indignação se dá por um motivo que considero simplesmente moral. É que a constituição de uma cidade se dá mediante gente real que se esmera cotidianamente com o intuito de sobreviver e manter o estamento social. Na minha humilde concepção, é um absurdo sem proporções o encaminhamento de pedidos, tais como este aqui referido, de gente que nada tem a ver com a cultura do local. Não tenho absolutamente nada contra a Ivete Sangalo, mas, cá pra nós, a cantora não é melhor do que nenhum cidadão de nossa Gerais. Eu sei que artistas, em geral, são muito preocupados com a imagem que veiculam na mídia. Aliás, artistas vivem da imagem. Mas, aceitar um título como este oferecido é, no mínimo, um absurdo, principalmente porque o título deveria ser conferido a quem de mérito relevante e não a quem de representação. Um título de cidadão honorário deveria ser entregue a pessoas que tivessem relevância política para a cidade, estado ou nação, mas ao contrário, é dado segundo interesses subjetivos dos futuros candidatos em futuras eleições. De qualquer forma, para mim, falta bom senso de quem aceita tais homenagens.
Ademais, com tantos problemas em tantas esferas sociais no conjunto do nosso estado, é cruel saber que nossos governantes, pífios em sua maioria, gastam tempo e dinheiro público para encaminhamentos como este. Então, cidadãos como eu ficam com uma pulga atrás da orelha e com uma pergunta sempre inquietante: o que está por trás dessa indicação? Infelizmente, não consigo ver outra coisa que os fins eleitoreiros. Ao final das contas, pelo menos o Siqueira passa do anonimato em sua bancada para a referência no imaginário coletivo. Hoje, Minas Gerais sabe quem é o dito “cidadão” que pediu título para a “cidadã”.
Faço desse texto um manifesto político indignado. E não pensem que estou chateado ou mal resolvido. É que diante de besteiras como essa que eu ouvi e constatei, não consigo me conter. Quero a democracia e não a midiocracia! Quero a integridade e não a mediocridade.
Portanto, com a finalidade de ser bastante prático, quero convidar todos a refletirem sobre as entregas de títulos como este a pessoas sem significado real. Aliás, em minha concepção, a pessoa sabe se ela merece ou não aquele título. Em muitos casos, se a pessoa for de notável presença no todo social ou possua envergadura política, social e econômica, tudo bem, não vamos ser radicais; mas, se por outro lado, a pessoa não tiver coisa alguma a ver com aquela cidade ou estado, é melhor se recolher a um canto qualquer e aguardar em silêncio a passagem dessa tentação de ser exaltado diante de outros. Seria sensato para estes rejeitarem concessões como essas.
Ao final, com a finalidade de apaziguar a minha alma, fica para mim a seguinte frase de Weber: “O político deve ter: paixão por sua causa; ética em sua responsabilidade; mesura em suas atuações”. Na rede da filosofia político, me deito, e espero, sim, espero, hei de esperar... pelos homens simples que farão coisas simples sem segundas intenções.
terça-feira, 11 de outubro de 2011
SUBVERSÃO
Explodiu em minha mente a constatação de que os ensinamentos de Jesus, especialmente as suas parábolas, possuem um grande teor subversivo. Eu sei que essa palavra possui uma forte carga de preconceitos. É que ela condiciona a mente a pensar em coisas que são negativas em sua essência. Mas, seguindo aqui um conselho de Stanley Jones, “as palavras, assim como as pessoas, precisam ser resgatadas”. Assim, vou tentar resgatar o sentido dessa palavra e pensar na espiritualidade subversiva e protestante, em si.
Subversão é uma palavra polissêmica. Ela pode ser interpretada a partir de diversos prismas. Subversão tem a ver com movimentações intestinais que escatologicamente se impõem. É uma dimensão que ocorre sem que haja, necessariamente, uma causa. Subversão é acontecimento extático. É a ação da água represada que busca caminhos alternativos. É o mofo na parede ou no muro. É o esguicho transtornador que insiste em se lançar ao ar, num afã libertário. É a semente debaixo da terra que insiste, teimosamente, a buscar um lugar ao sol. Basicamente, subversão tem a ver com verter por baixo; fazer ruir estruturas; destruir conceitos; superar paradigmas.
Quem me alertou sobre o teor subversivo da fé foi Eugene Peterson. Nos seus livros: A Espiritualidade Subversiva e O Pastor Contemplativo, ele ressalta a natureza da subversão como um princípio da espiritualidade humana coligada à ideia de Reino de Deus. Aliás, não há dimensão mais subversiva do que a do Reino de Deus. Essa nossa constatação se dá porque a natureza do Reino está ligada a algumas coisas que nada tem a ver com o mundo real. Nessa linha de raciocínio, todas as questões inerentes ao Reino de Deus acabam acontecendo nas entranhas estranhas da espiritualidade humana.
A fé é a mola mestra da subversão. Fé é a qualidade da atitude que todos assumimos frente ao desconhecido. Uma fé subversiva não possui limites, pois não se condiciona a estruturas ou institucionalizações. Ela vai além e provoca ações e reações que mexem e remexem com as pessoas dadas a tranqüilidade e conforto. A subversão provoca pessoas a agirem e reagirem contra estigmas e postulações pré-fixadas. O agente, contaminado pelo espírito da subversão, não tem medo, não tem culpa, não se ressente, não se prostra, não se enquadra, subverte, independente das lógicas e dos mandos e desmandos. A fé é salto no escuro, já nos advertiu Kierkegaard no estágio religioso de sua filosofia existencial que critica o idealismo, principalmente o hegeliano, e salto no escuro é subversão sempre seguindo a lógica: “Ousar é perder o equilíbrio momentaneamente. Não ousar é perder-se”, conforme este mesmo autor.
Acho que o que vale a pena é a elaboração de temáticas que buscam elaborar jocosamente uma série de argumentos que criticam a ordem estabelecida e as lógicas do poder. Ora, a subversão ri daquilo que está evidente e reelabora a interpretação do mundo e das suas armações pelos caminhos inimagináveis de uma outra lógica. Realmente, os últimos serão os primeiros e quem quiser ganhar, vai perder. Portanto, trata-se de um processo ironicamente criativo, extremamente criativo. Somente os criativos podem se considerar subversivos.
Jesus, inclusive admoestou seus discípulos a serem símplices como as pombas e astutos como as serpentes, conforme Mateus 10.16. Assim, a opção que se impõe a nós é a de subvertermos. Ora, não se trata de perverter, mas subverter: pensar, falar e agir diferente, segundo a lógica do que é atribuído a Che Guevara: Hay que endurecerse, pero sin perder la ternura jamás! Ora, é realmente preciso acolher essa síntese marcada pela postura firme, pela serenidade e pela ternura sempre. Assim, pode-se empreender uma guerra e até estabelecer o posicionamento das armas, mas não se pode perder a serenidade. É o estabelecimento dialético entre o lúdico e o lúcido. Dessa forma, os olhos demonstram a firmeza e a ternura. A convicção e a tranqüilidade. A iluminação de um futuro antecipado frente a um presente complexo. Nesse estágio de iluminação, tranqüilidade e consistência, coisas e fatos podem acontecer e ninguém pode prever, pois não há afeição plena ao poder. O subversivo possui um encantamento pelas pessoas e luta contra sistemas e instituições. Acho que essa é a lógica abraçada e empenhada anteriormente pelos reformadores protestantes.
Subversão é o que eu abraço nesse momento. Seja ela bem-vinda em minha alma.
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