terça-feira, 24 de abril de 2012

Estou com uma Doença...

Estou com uma doença esquisita. É uma doença que está me deixando muito mal, afetando inicialmente, todos os meus 206 ossos e os meus 640 músculos, inclusive a estrela entre eles, o coração. Na verdade, descobri que essa doença está me provocando uma fobia, melhor dizendo, uma aversão à instituição e seu respectivo institucionalismo, aumentando meus batimentos cardíacos e fazendo meu sangue correr em todos os 96.560 km dos meus vasos sanguíneos. Aliás, essa fobia tem me provocado náuseas, principalmente quando me deparo com a esfera do poder, com gente que só quer saber de mandar em gente. Também tem me provocado ânsias quando visualizo, mesmo que sucintamente, qualquer ato ditatorial da parte daqueles que existem para servir. Tenho dores infernais na cabeça, principalmente quando leio artigos e documentos que estão longínquos da essência do Evangelho sinalizado por Jesus Cristo. Vejo múltiplas manchas vermelhas no meu corpo quando percebo o espírito de dominação, traduzido pela metáfora da visão ou da profecia, nos discursos e “pregações”. Triste saber de gente que usa a fé alheia para satisfazer seus desejos e viajarem a custa dos outros. Surgem-me calafrios quando contato a veracidade destes pares que buscam essa estirpe de espiritualidade idolátrica. Nessa percepção, minhas glândulas sudoríferas, localizadas na derme, produzem um suor salino e meus olhos ficam irritados, frente ao algo triste revelado, produzindo lágrimas que fluem para as narinas e provocam a vermelhidão. O choro se estrema e uma dor lancinante se instala no peito. A pele é ferida, os capilares são rompidos, me deixando expostos a uma infecção. Meu sistema respiratório arfa por oxigênio. A respiração fica difícil, vírus invadem o meu corpo e busco remédios e vacinas. Pior são os calafrios que ocorrem, invariavelmente, quando constato também, o surgimento de campanhas de vitória e sucesso feitas em nome de Deus. Mas o que me mata mesmo é a taquicardia que altera toda a pressão arterial da alma provocando muitas inflamações no espírito. Tais inflamações não permitem aproximações de quem quer que seja, fazendo-me recolher a um canto qualquer onde minha solidão seja elaborada e eu experimente a restauração misteriosa da graça. Alia-se a estas patologias citadas uma alergia aos títulos de toda e qualquer ordem – dos chamados “espirituais” aos acadêmicos. Meu encéfalo – mais complexo do que qualquer computador que exista no mundo – controla o meu sistema nervoso. De todos os órgãos do corpo humano, este é o que é mais afetado pelo envelhecimento. Isso significa que no auge dos meus 41 anos, meu encéfalo já não é o mesmo de quando tinha 16. Não posso perder energia em bobagens, tais como estas citadas, com os meus 80,4 km de nervos do corpo. Assim, meus feixes de axônios e neurônios precisam liberar e transportar impulsos elétricos com coisas que valham à pena. Fui ao médico e ele me receitou indiferença. E mais duas doses de “não esquenta a cabeça”. Segui as orientações, mas não teve jeito. Resolvi apelar e visitar um curandeiro. Ele me deu algumas ervas pra fazer um chá de indignação. Deu-me também umas raízes, com as quais eu pude fazer uma pasta de rebeldia para passar na cabeça, o que de alguma forma me aliviou as dores cefálicas, entretanto a alma continua em agonia. Não sei se há saídas para a minha doença. Acho que ela é incurável. Diante disso, me sobram duas perspectivas: resignar-me ou lutar contra a doença. Escolhi a segunda opção. Vou lutar contra essa doença, mesmo que ela me leve à morte. Vou lutar com todas as minhas forças contra essa invasão bárbara que não foi gerada por mim, mas que me atinge profundamente e silenciosamente como uma metástase. Já estive no CTI, passei pela enfermaria e agora caminho trôpego com muletas emprestadas por amigos que não me desamparam nunca: o paulistano do trem, o crente do “pii” quente, o alienígena e o quixotesco dos livros. Moribundo, espiritualmente, só me resta a esperança...

terça-feira, 17 de abril de 2012

O Sol Brilha Diferente

Quando as coisas não vão bem com a gente, o sol brilha diferente. Se ao contrário, tudo está em ordem, o sol brilha diferente. Quando os amigos se afastam e os bons risos cessam, o sol brilha diferente. Se surgem novas amizades e a sinceridade irradia nos olhares, o sol brilha diferente. Quando a enfermidade e a doença se instalam em nosso corpo, o sol brilha diferente. Se ficamos sãos e nos lançamos novamente a todas as nossas atividades sem limitações, o sol brilha diferente. Quando as questões familiares não têm uma boa resolução em nossos lares, o sol brilha diferente. Se estamos em harmornia, casais conjugados e filhos em diálogo, o sol brilha diferente. Quando a saudade se instala no profundo da alma, o sol brilha diferente. Se nos reencontramos com a pessoa amada ou com o amigo distante, o sol brilha diferente. Quando oramos, mas nos dispersamos em nossa oração por causa dos muitos problemas, o sol brilha diferente. Se oramos, silenciando nosso ser para ouvir o grande Deus, o sol brilha diferente. Quando querem transformar nossa espiritualidade em comércio, o sol brilha diferente. Se nos aninhamos a uma vida espiritual cercada de realidade e esperança, o sol brilha diferente. Quando somos banhados com a chuva da tempestade, o sol brilha diferente. Se nos chega aos telhados a chuva fina que rega a terra, o sol brilha diferente. Quando nos falta a fé para a jornada espiritual na dimensão do Reino de Deus, o sol brilha diferente. Se o Reino de Deus é vivido por nós na dimensão plenificada da esperança, o sol brilha diferente. Quando tomamos consciência de que Jesus morreu na cruz no calvário, o sol brilha diferente. Se vamos ao túmulo e percebemos que ele não mais lá está, o sol brilha diferente. Quando somos tomados pelo medo da morte ou pelos assaltos do pecado, o sol brilha diferente. Se nos alimentamos da esperança da vida eterna, o sol brilha diferente. De fato, o sol sempre brilha diferente? Moisés Coppe

DIA 70 - As mariposas giram em torno das lamparinas acesas

Gosto quando os olhares e os sorrisos oriundos de pessoas diferentes compactuam os sentimentos mais profundos numa doce simbiose. Pode ser q...