“Há um único recanto do universo que
podemos ter certeza de melhorar: o nosso próprio eu”.
Aldous Huxley
“Deu ruim! Mas vai melhorar...” é uma
singular tempestade de ideias e sentimentos oriundos de uma mudança radical que
resolvi empreender em minha vida, depois de trinta anos envolvido numa esfera
de atividades e ações. Urdido pela vontade de mudar o rumo da prosa e um
vestígio de esperança, lancei-me a outro caminho de percurso incerto. Assim,
tateando formas no escuro, com muito temor e tremor, busquei com o olhar
perdido a referência da luz em algum lugar.
O caminho incerto era na verdade o início
de uma trilha a ser aberta no meio da mata densa e perigosa. Nessa trilha, onde
se misturavam excitações, sentimentos e contentamentos, me encontrei com
pessoas, as mais diversas, que viviam a mesma experiência que a minha. Não
perguntei se elas queriam ir comigo. Respeitando seus posicionamentos pessoais,
continuei a minha jornada de incertezas, convicto de que cada passo valeria à
pena.
Pergunto-me, hoje, onde quero chegar? Não
sei e nem sei se quero especular uma resposta, pois sigo a entonação poética do
Zeca Pagodinho: “deixo a vida me levar”, mesmo porque quando tento controlar as
demandas de cada dia, eu me frustro. Então, deixo as coisas acontecerem e vivo
cada dia como dá, afinal de contas, a vida é “como uma onda no mar”, aonde tudo
vem e vai, acontecendo... Já diria o Lulu Santos. Portanto, não vou especular
em relação à coisa alguma, pois tenho mais perguntas do que respostas, e as
respostas me sugerem mais perguntas.
Mesmo assim, preciso confessar: eu
gosto deste jogo entre perguntas e respostas. Eu gosto de coisas novas, mesmo
que elas me tragam problemas. Conheço gente que tem medo do novo, mas eu sou
atilado. Gosto da excitação decorrente da expectativa de que alguma coisa vai
aparecer do nada. Foi o que aconteceu comigo, por exemplo, num dia especial em que
eu fazia uma caminhada e vagava em meio a pensamentos difusos. Eu o vi:
Pousou em uma
árvore cujos galhos estavam sem folhas.
Parecia
brincar, parecia sorrir.
Nunca o tinha
visto antes ali, mas se mostrou a mim, proximamente.
Os raios de
sol da manhã o iluminaram.
Suas penas
brilharam e seu bico suntuoso, em tons e semitons alaranjados me deu uma
percepção única da singularidade da beleza – uma teofania.
Olhei ao meu
redor para tentar partilhar o que só a mim estava sendo revelado, mas em vão.
O mundo
oblíquo das pessoas deixa passar o inusitado que transborda em gestos
graciosos.
Sim, eu o vi!
Um tucano, que
foi para mim mais que uma ave.
Assim como esse tucano apareceu para
mim, inusitadamente, vou continuamente sendo visitado e tocado pelo instante de
eternidade que torna a vida humana menos monótona. Eis o evento da gratuidade
que modifica o cotidiano e dá novos ares à existência. Ao pensar na gratuidade,
escrevi recentemente Vida Ávida:
Amar é viver de forma viva e
ávida!
Amo viver porque viver é amar...
Intensamente, com angústia ardente
Tal qual a nau perdida no mar.
Enquanto amo, vivo e sonho,
Pois melhor que viver, é viver e sonhar.
E mesmo quando a vida não acede
Teimoso, insisto até naufragar.
Náufrago, solitário sob o sol e o vento
Deixo as ondas me banharem a alma
Sibila o voo da gaivota azul
Que me encanta gerando-me a calma
A vida é ávida, gente!
E é sempre bom que assim seja...
Ela é graça que nem sempre tem graça,
Mas dá sentido ao que a busca, almeja.
Amo viver porque viver é amar...
Intensamente, com angústia ardente
Tal qual a nau perdida no mar.
Enquanto amo, vivo e sonho,
Pois melhor que viver, é viver e sonhar.
E mesmo quando a vida não acede
Teimoso, insisto até naufragar.
Náufrago, solitário sob o sol e o vento
Deixo as ondas me banharem a alma
Sibila o voo da gaivota azul
Que me encanta gerando-me a calma
A vida é ávida, gente!
E é sempre bom que assim seja...
Ela é graça que nem sempre tem graça,
Mas dá sentido ao que a busca, almeja.
É assim que se compila este pequeno
livro. De eventos fortuitos da gratuidade e da generosidade da natureza, na
alma inquieta de alguém que vive de utopias e quixotagens.
Espero, sinceramente, que todos(as)
visualizem seus íntimos sentimentos, e que joguem fora todo peso inútil. Ao
final das contas, é sempre bom dizer: Vale
à pena!
Tantas coisas mudaram!
Tantas coisas se passaram!
Tantas coisas se refizeram!
O tempo não volta mais,
Tantas coisas se passaram!
Tantas coisas se refizeram!
O tempo não volta mais,
A não ser por intermédio da
memória.
O que desejo para o novo ciclo
vindouro?
Que as coisas mudem!
Que as coisas passem!
Que as coisas se refaçam...
Que as coisas mudem!
Que as coisas passem!
Que as coisas se refaçam...
Afinal, tudo vale à pena.
Um comentário:
Eu simplesmente amei cada palavra, cada frase e cada sentido carrego nelas. Nossa, me vi muitas vezes aqui.... Também sou assim, inquieta com o desconhecido, se tenho medo? Claro que sim! Todavia não morreria na dúvida. Amei Coppe!!!
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