Eu os vi...
Olhos tristes quando ainda um filhote
Lutando pra escapar da morte
Ansiando o acaso ou a sorte
Eu o vi...
Não deveria ter viçoso vivido
Mas cresceu forte, ensandecido
Devorando mesmo o não-percebido
Eu o vi...
Acabei deixando-o crescer
Como ser, precisava viver
Nada mais poderia o deter
Todavia...
Furioso, quis minh'alma destruir
Me desfez sem me reconstruir
Os seus olhos tristes eu vi
E assim...
Levei o lobo agora criado
Para ser sacrificado
No silêncio do nada enluarado.
A adaga em minha mão reluzia
Sob a parca luz que se via
Todo o meu corpo tremia
Eu vi nos seus olhos o terror
Estampado em meio a dor
De perder todo brilho e vigor
Era preciso dizer ao lobo: basta!
Sua sanha inquieta me arrasta
Para um profundo onde o fogo se alastra...
Mas ao invés de matá-lo num ato
Resolvi liberá-lo no mato
E deixá-lo viver tempo ingrato
Sim, deixei-o viver sem um rumo
Sem chão, sem teto, sem prumo
Seus olhos tristes, cabisbaixo no mundo...
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