Ando angustiado e com uma dor lancinante na
alma. A respiração pausada sofre a interferência de taquicardias
descompassadas. Sei que não há normalidade nisso, ao contrário, trata-se da
somatização de diversos sentimentos que se misturam complexamente dentro da
mente. Como se diz na França: “Esta é a vida”.
A minha angústia nasce da constatação de que
existem pessoas que se dizem amigos ou amigas, mas que infelizmente, só se
aproximam com o intuito de se dar bem ou de se organizarem melhor nas suas
vidas pessoais. Eu, de fato, não tenho muitos amigos, mas gosto de cultivar
amizades no campo da sinceridade, humildade e cumplicidade.
Eu não me sinto bem quando me sinto usado por
esta ou aquela pessoa. Eu não me sinto bem quando pessoas se aproximam com o
único intuito de usar-me segundo seus interesses. Isso me angustia
veementemente. Isso me angustia e me trás amargor na alma.
A minha angústia nasce também da constatação
de que as dimensões eclesiásticas estão invertidas. A cada dia mais, o
movimento evangélico se distancia do Evangelho e as lideranças se ocupam e se
preocupam, tão somente, com o poder, principalmente financeiro, pois sabem que
no fundo, quem manda é quem tem grana.
E assim, vou vivendo dia-a-dia, tentando
organizar meus sentimentos colocando minha ideias nos seus devidos lugares, todavia
as borboletas insistem em continuar voando na altura do estômago. Dêem o nome
que quiserem a isso, mas para mim é angústia.
Foi Kierkegaard quem estabeleceu como ponto
fundamental da perspectiva das transições necessárias à vida humana o conceito
de angústia. Esta dimensão da angústia, além de impulsionar a pessoa a um novo
estado na vivência, acompanha-o no confronto com uma nova realidade,
principalmente aquela que está na contramão do que se pensa ou se quer. Segundo
este filósofo dinamarquês, a angústia faz parte da natureza humana, jogando o
ser humano num precipício de possibilidades e impulsionando-o a tornar-se
responsável pela sua própria existência.
Não vou entrar nos méritos do conceito de
angústia em Kierkegaard, mas somente pontuar sua relevância para refletir os
momentos em que a alma humana, mesmo em seus conflitos internalizados, busca a
realização de sua jornada no encontro de sentido na vida. E não é isso o que
todas as pessoas procuramos?
Sim, queremos sentido na vida, e que ele
venha de forma ética, sem os jogos de poder ou mesmo pelas pessoas em suas
subjetividades querendo se dar bem à custa do outro.
Por enquanto, fico com minha angústia, sendo
provocado por ela com vias a transições que se tornam extremamente necessárias
para mim, já...? agora...?
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