sábado, 4 de setembro de 2010

Sem apresentações de candidatos, por favor!

Recebi dois e-mail´s essa última semana de representantes da cúpula religiosa da Igreja Metodista apresentando candidatos metodistas para os quadros políticos. Fiquei indignado. Sempre me gabei do fato de que a Igreja Metodista era politizada, mas não politiqueira; supra partidária e não defensora desse ou daquele nome.
Pois bem, recebi esses e-mail´s e, além de indignado, fiquei estupefato. Acontece que, por uma razão óbvia, entendo que toda e qualquer pessoa tem o direito de escolher o seu candidato. Acho desonesto que um líder, pelo seu estamento ou status social, queira "apresentar" um candidato de forma oficial e documentada. É como se esse líder estivesse de alguma forma, em alguma esquina, entregando um “santinho”. E essa atitude é completamente estranha, por outra razão óbvia: se fizermos uma rápida pesquisa às últimas cartas pastorais da Igreja Metodista, que procuraram discutir a questão das eleições, descobriremos que suas letras deixam claro que a Igreja Metodista e seus pastores não se manifestam em relação a nomes ou partidos. O pior nessa história toda é o fato de que nenhuma apresentação vem de forma isenta. Não quero generalizar, mas, infelizmente, existem muitos envolvimentos escusos que se desenvolvem nos bastidores.
Já vi e vejo ainda muitos candidatos que, por causa do anseio pelo cargo eletivo público, fazem promessas falaciosas. Falo isso por ter presenciado gente “crente” sem escrúpulo fazer promessa em troca de votos. Líderes vendem seus votos em troca de rádios. Líderes vendem seus votos em troca de tijolos, e assim vai. Acho isso uma tragédia, principalmente para o mundo evangélico.
Quero deixar claro que não sou contra a política. Não sou daqueles que acham que a política é coisa do diabo. Para mim, política é uma das mais importantes manifestações da vida. Aliás, tudo em nossa vida dialoga de forma clara e evidente com a dimensão política. Aristóteles disse que política é a arte de viver bem. Eu acredito nisso. Eu acredito que a única forma de desenvolvermos melhores estruturas em nossa vida se dá pelos caminhos oferecidos pela atividade política.
Mas descreio da politicagem. Para mim, distribuir santinho, de uma forma ou de outra, tem a ver com o jogo político partidário, não com lideres religiosos que têm muito mais o que fazer.
Quero ver os líderes denominacionais com inflamados discursos políticos desfraldando as bandeiras evangélicas da justiça, mas não como meros “boss” – empreendedores do jogo político que não têm interesse na política – para usar aqui uma importante definição de Max Weber.
Quero ver os lideres denominacionais expondo com audácia a posição oficial da Igreja, ou seja, a de não apoiar ninguém de forma enfática.
Quero ver os líderes denominacionais se entregando à oração e ao jejum pelo Estado, ao invés de escreverem cartas em relação a pessoas que, na maioria da vezes, eles nem conhecem.
Nessa minha singela manifestação política, quero deixar claro que se souber de gente prometendo recurso público para obra de Igreja – desde um ônibus para o piquenique, passando pela verba para a festa de rua ou mesmo a construção de qualquer parede de templo – vou efetivar uma denúncia escrita para o Ministério Público. Quem sabe assim, coremos de vergonha quando estampados na vida social e voltemos aos princípios basilares da fé genuinamente cristã.

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