terça-feira, 21 de setembro de 2010

Os Ipês Amarelos e o Inusitado da Vida

Gosto de viajar. Gosto mais ainda de observar as belezas naturais. Às vezes, invejo os caminhoneiros que singram estradas conhecendo relevos, climas e gentes diversas, embora reconheça também a vida ingrata que levam.
Eu gosto de viajar e me encanto com a poesia colorida expressa pela natureza. Entretanto, preciso confessar que a poesia que mais me encanta é o ipê amarelo. Em meio aos diversos tons de verde, impera absoluta a singela árvore de flores amarelas. Na verdade, o ipê amarelo é uma árvore brasileira bastante conhecida e muito bela. Está presente em todas as regiões do Brasil e pertence à espécie Tabebuia alba.
As árvores desta espécie proporcionam um belo espetáculo com sua bela floração na arborização de ruas e matas. Elas embelezam e promovem um colorido no final do inverno. Essa árvore é natural do semi-árido alagoano e levou o governo, por meio do Decreto nº 6239, a transformá-la em árvore símbolo do estado.
Em fins de agosto e início de setembro se revela essa beldade do Criador. O ipê amarelo é uma “teofania”, uma aparição de Deus na terra dos viventes. É o anúncio profético de que no cotidiano e habitual, o inusitado e belo tem o seu lugar. Dos galhos secos nasce ou floresce as flores que por sua exuberância, atraem abelhas e pássaros, principalmente beija-flores. As sementes são semeadas pelos ventos...
O que mais me espanta é o fato de que esses ipês, na maioria das vezes, se encontram solitários. Independente da forma e do tamanho de sua copa, são seres oníricos que não servem para enfeitar as casas, tampouco para a fabricação de móveis, embora sua madeira seja forte. É, tão somente, uma árvore que mitiga as profundezas da alma, despertando emoções. Se eu fosse uma árvore, seria, indubitavelmente, um ipê amarelo. Não por causa da sua beleza, ou do aspecto inusitado, ou mesmo da perspectiva solitária, mas pela capacidade de despertar no observador os sentimentos mais intensos.
Acho que todos precisam vislumbrar e se deter ante a reflexão dos ipês amarelos. Eu, por exemplo, gostaria de dominar a arte dos bonsais para ter o meu próprio ipê amarelo, já que não posso ser um. É admirável ver aquelas árvores em miniatura. Eu inclusive pensei como seria maravilhoso receber em minha casa a presença sagrada desse ser vivo encantador. Por enquanto, contento-me em contemplá-los, livres, belos e encantadores nas relvas do nosso rico país.

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